A identificação das vítimas é dificultada pelo estado de alguns corpos. Quem sobreviveu, não esquece os momentos de terror vividos no estabelecimento de ensino.
Centenas de familiares continuam a afluir à morgue do hospital de Nairóbi, no Quénia, onde se encontram os cadáveres das 148 vítimas do ataque, na quinta-feira, contra a Universidade de Garissa, que foi reivindicado pelo grupo islamita Al-Shabab, baseado na Somália.
Viemos aqui para matar e morrer.
A identificação das vítimas está a ser lenta e é dificultada pelo estado dos corpos. Alguns cadáveres são reclamados por mais do que uma família, como explica o pai de uma estudante: “Estive aqui ontem (domingo), à procura do corpo da minha filha, que acabei por identificar. Mas descobri que o cadáver já tinha sido identificado por outra pessoa. Por isso, regressei hoje para saber se é o corpo da minha filha ou de outra pessoa”.
Quem sobreviveu, não esquece os momentos de terror vividos no estabelecimento de ensino. É o caso de Gitonga Ng’ang’a, que conseguiu escapar à matança levada a cabo pelos terroristas.
“Os estudantes gritavam e alguns choravam. Ao início, os assaltantes não falaram. Mas, depois de terem tomado as camaratas onde dormíamos, eram capazes de dizer bem alto: Viemos aqui para matar e morrer”, recorda o jovem de 22 anos.
Ng’ang’a não esquece o horror que presenciou quando saiu do esconderijo, debaixo de uma cama:
“Tive de passar por cima de sangue e dos cadáveres dos meus melhores amigos e de outros bons amigos. Foi amargo. Ainda agora, é duro recordar”.
A polícia deteve, no sábado, quatro pessoas suspeitas de envolvimento na acção, depois de ter emitido um mandado de captura para o alegado cabecilha do ataque, Mohamed Mohamud, um antigo professor de uma escola corânica de Garissa.
Os investigadores revelaram que um dos quatro atacantes seria filho de um alto responsável do governo queniano, de etnia somali.