A decisão da China em abrir a política de um filho por casal para dois filhos por casal ameaça ter efeitos de bola de neve na segunda maior economia
A decisão da China em abrir a política de um filho por casal para dois filhos por casal ameaça ter efeitos de bola de neve na segunda maior economia mundial. A começar pelo surgimento de mais alguns milhões de consumidores com necessidades especiais.
Um estudo do Credit Suisse estima que nos 5 anos seguintes a 2017 possam nascer mais 3 a 6 milhões de bebés a somar aos atuais 16,5 milhões numa população estimada de 1,4 mil milhões de chineses. Os bebés gerados pela nova política de dois filhos por casal vão obrigar muitas famílias a alterar os respetivos orçamentos.
“As pessoas podem começar a trocar os iPhones e Samsungs pelos Xiaomi, a versão chinesa mais barata dos ‘smartphones’, que custa um terço, e talvez mudem o orçamento familiar para comida de bebé e brinquedos”, estima Savio S. Chan, presidente da US China Partners, inc.
2-child policy brings new biz chances: all child-raising-related shares rise by daily limit https://t.co/hI1y4BBV5Ppic.twitter.com/KKgmUP5mr7
— China Xinhua News (@XHNews) 30 outubro 2015
Com a política de um filho por casal iniciada em 1979 e que agora termina, a população chinesa envelheceu, perdeu mão-de-obra e ainda tem um problema de desequilíbrio de géneros, com muitas famílias a terem privilegiado que o filho a que tinham direito fosse um rapaz e não uma rapariga, com recurso a abortos seletivos. A somar a isso, sem a companhia de um irmão, mais depressa as crianças aderiam às novas tecnologias e aos aparelhos móveis. Tendência que agora pode mudar ou no mínimo ser alterada.
Criar uma criança na China pode custar à volta de 40.000 yuans (cerca de 5700 euros) por ano. Os bebés que venham a ser gerados pela nova política podem movimentar, por isso, entre 17 a 35 mil milhões de euros por ano e esse é dinheiro que pode deixar de ir, por exemplo, para as empresas de contracetivos.
A nova lei de dois filhos por casal vai ter impacto negativo nos fabricantes de preservativos, como a japonesa Okamoto, uma das preferidas dos chineses e que derrapou 10 por cento na bolsa logo após o apelo indireto à natalidade do governo chinês. Por outro lado, as ações de empresas de produtos para bebés dispararam. A China Child Care, por exemplo, especializada em produtos de higiene para crianças, subiu 40 por cento na bolsa de Hong Kong.