A publicação do relatório da União Europeia que fala num “significativo retrocesso” em termos de Direitos Humanos, na Turquia, coincide com o
A publicação do relatório da União Europeia que fala num “significativo retrocesso” em termos de Direitos Humanos, na Turquia, coincide com o aniversário da morte de Atatürk, o fundador da Turquia moderna, que em 1923 lançou uma onda de reformas para transformar a sua nação, à imagem das democracias europeias. Setenta e sete anos depois a clivagem permanece mas o homem que tem nas mãos os destinos do país não desiste:
“A Turquia é hoje um país poderoso. Se ainda veem a Turquia como um país que implora enganam-se, a Turquia já não é um país que implora. A Turquia é um país capaz de se manter de pé sozinho e com a sua determinação o pedido de adesão da Turquia à União Europeia será aceite. Se não for, desenharemos o nosso próprio caminho”, afirmava Erdogan em janeiro de 2015.
Um ano depois, e após uma vitória eleitoral importante, o mais provável é que o novo relatório faça Erdogan “perder a paciência”, de uma vez, ainda que Ancara siga já o seu próprio caminho sem se preocupar muito com o que Bruxelas dita. Bruxelas e não só, pelo menos no que diz respeito aos Direitos Humanos.
O longo caminho para uma eventual adesão da Turquia à União Europeia, iniciado em 1963 mas efetivado a 14 de abril de 1987, pode terminar num sinal de sentido proibido. Desde 1999 – ano em que foi reconhecida, oficialmente, como candidata, até 2004, ano da abertura do processo – não houve grandes avanços. Ainda que, do lado turco, Erdogan, tenha abolido a pena de morte, para aproximar o país do estatuto de Estado de pleno direito dentro da União Europeia, há ainda muito caminho a percorrer.
Nicolas Sarkozy e Angela Merkel foram os principais opositores da adesão da Turquia à UE mas a crise dos refugiados obrigou a chanceler alemã a adotar uma nova estratégia. A Turquia está no centro da crise dos refugiados, é um dos países que mais pessoas recebeu nos últimos meses e a Europa precisa da sua ajuda para mantê-los aí.
É, aliás, no capítulo dos refugiados, do relatório da União Europeia, que a Turquia se saiu bem. Como prova disso, e da necessidade, em outubro, Angela Merkel visitou a Turquia e prometeu relançar as negociações. Promessas que não estão a ser recebidas com entusiasmo pelos turcos, por razões óbvias. Até porque as incertezas são ainda muitas.