Começa em Riade uma reunião inédita das forças "moderadas" (umas mais moderadas que outras...) da oposição síria.
Uma centena de representantes da oposição síria e do exército do país começam, esta quarta-feira, negociações em Riade (Arábia Saudita). O objetivo é unificar as posições, com vista a eventuais negociações com o regime de Bashar el-Assad. É uma reunião sem precedentes desde o início da crise síria em 2011.
Segundo os media dos países árabes, todos os grupos armados operacionais na Síria, à exceção do Daesh e da frente Al-Nusra, braço sírio da A-Qaida, foram convidados para esta reunião. Mas quem são estes opositores “moderados” (sendo que alguns de moderado não têm nada) que merecem a confiança da comunidade internacional para combater o Daesh e ajudar a construir o futuro da Síria?
A vertente política
Os diferentes membros da Coligação Nacional das Forças da Oposição e Revolução CNFOR encontram-se em Riade. Esta formação política reúne uma grande variedade política, religiosa e étnica de opositores ao regime de Assad. É uma coligação que existe desde 2012 e é dirigida por Khaled Khodja desde janeiro deste ano.
Contém fações completamente diferentes e mesmo antagónicas: A Irmandade Muçulmana, políticos laicos, nacionalistas árabes, opositores curdos, cristãos e até alauítas.
Apesar de contactos com algumas fações militares, a CNFOR, também chamada Coligação Nacional Síria, não controla praticamente nenhuma parte do território.
A vertente militar
Os grupos armados, na maioria islamitas, estão presentes em Riade. Há dois grupos cuja presença é mais notada:
Jaich al-Islam
Coligação de brigadas islamitas ativas no solo sírio. Apoiada pela Arábia Saudita, esta força tem como ideologia principal o salafismo. Controla zonas estratégicas na periferia de Damasco. Apesar da aparente radicalização, este grupo condenou os ataques do dia 13 de novembro em Paris.
Exército livre sírio
Criada em 2011, é a primeira formação militar da guerra civil síria. Fundado por soldados e desertores das forças armadas sírias, o exército livre começou a perder força face aos islamitas em 2012. Esta formação controla hoje zonas limitadas no norte da Síria, na fronteira com a Turquia, tal como certas zonas do sul, perto da fronteira com a Jordânia. Na província de Idlib, algumas antigas fações do Exército Livre Sírio juntaram-se à Jaish al-Fath (Exército de conquista), dirigida pela Frente Al-Nosra, braço sírio da Al-Qaida.
Alguns membros da oposição síria não participam na conferência de Riade, em protesto contra o convite feito a organizações que qualificam de terroristas, como o grupo Ahrar al-Cham, aliado da al-Nosra.
http://ahraralsham.net/?page_id=4195
Os ausentes: Curdos e Frente Democrática
O Partido de União Democrática (PYD) e respetivo braço armado Unidades de Defesa Popular (YPG), tal como a Frente Democrática, coligação de rebeldes curdos e árabes apoiada pelos Estados Unidos, não foram convidados para a conferência de Riade, mas organizaram um “encontro paralelo”:
http://www.lalibre.be/dernieres-depeches/belga/conflit-en-syrie-des-kurdes-exclus-de-la-conference-de-ryad-sont-reunis-avec-d-autres-opposants-en-syrie-5667499b357004acd0fff31f na Síria. As críticas à Arábia Saudita são uma das razões para esta ausência.