FMI revê previsões em baixa

FMI revê previsões em baixa
De  Ricardo Figueira com GIACOMO SEGANTINI, REUTERS
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Segundo o FMI, a economia mundial deve crescer 3,4% este ano, contrariamente aos 3,6% previstos em outubro.

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Pela terceira vez em menos de um ano, as perspetivas para a economia mundial foram revistas em baixa pelo Fundo Monetário Internacional (FMI).

A culpa é do abrandamento das economias emergentes, com a queda no comércio externo da China e a descida nos preços das matérias-primas, que está a afetar a economia do Brasil.

Segundo o FMI, a economia mundial deve crescer 3,4% este ano, contrariamente aos 3,6% previstos em outubro. Para os Estados Unidos, a nova previsão é também menor que a anterior. Ao contrário do que acontece nas outras regiões, muito graças à descida no preço dos combustíveis, a previsão quanto à Eurozona é revista ligeiramente em alta. No que toca à China, mantém-se.

A quebra no comércio externo da China, pilar da economia do país, causou quedas a pique nas bolsas locais, que se alastraram aos mercados de todo o globo: “A China está a fazer a transição para um modelo menos dependente das exportações e do investimento e mais assente no consumo e nos serviços. A indústria transformadora tradicional sofre com isso”, diz Maurice Obstfeld, diretor do departamento de pesquisa do FMI.

A política monetária da China continua fechada aos meios ocidentais: “A gestão das divisas é uma área na qual as autoridades chinesas poderiam comunicar mais claramente com os mercados”, acrescenta Obstfeld.

A queda na procura chinesa é um risco para a economia mundial, tal como a descida nas exportações e importações do país. O FMI realça que os valores fundamentais se mantêm inalterados, mas que as variações no consumo e no comércio, mesmo pequenas, estão a assustar os mercados globais.

The latest facts at a glance on Future Growth Rates, Risks, and Economic Transitions from the IMF #WEO Update pic.twitter.com/dV43Y1ZpVB

— IMF (@IMFNews) January 19, 2016

Entrevista

A propósito deste novo relatório, a euronews entrevistou Gian Maria Milesi-Ferretti, vice-diretor do departamento de pesquisa do FMI e um dos autores do documento.

Giacomo Segantini, euronews: Os dados publicados hoje em Pequim estão em linha com as previsões do FMI e e indicam, a par de um abrandamento, um reequilíbrio da atividade económica. No entanto, a transformação da China mete medo a muita gente. Como é que esta chamada “nova normalidade” vai afetar o resto da economia global?

Gian Maria Milesi-Ferretti: O impacto está a sentir-se através da procura de matérias-primas, especialmente metais, o que tem vindo nos últimos anos a fazer descer o preço dessas mesmas matérias-primas. O menor investimento na China significa menos importação de bens, o que afeta os países que exportam esses bens. Há repercussões também nos mercados financeiros, tendo em conta o tamanho da economia chinesa e uma certa incerteza na forma como os decisores chineses estão a lidar com esta “nova normalidade”.

Parece não haver fim à vista na queda do preço do petróleo, sobretudo depois do regresso do Irão ao mercado global. Como é que o FMI vê as tendências a curto prazo e que efeito podem ter no crescimento global?

A resiliência da produção de gás de xisto nos Estados Unidos tem sido maior do que as pessoas estavam à espera. Muitas pessoas esperavam que a produção fosse cair a pique. Mas o que caiu foi o investimento. A produção manteve-se. O resultado é termos um excesso de produção, o que significa pressão sobre os preços.

Os preços do petróleo em baixa são algo positivo para os importadores, ou seja, são boas notícias para os consumidores dos Estados Unidos, da Europa e de economias emergentes como a Índia. Mas, com certeza, torna as coisas mais difíceis para os exportadores. Muitos deles estão já a enfrentar situações bastante difíceis.

A economia russa deve encolher, mais uma vez, este ano. Pensa que esta contração prolongada pode afetar o crescimento nos países do leste europeu?

Com certeza que tem implicações transfronteiriças. As mais significativas são para os países da Comunidade de Estados Independentes, com fortes ligações comerciais à Rússia e com muitos emigrantes a enviar remessas da Rússia. De um modo geral, as perspetivas de crescimento para a Europa Central e de leste são razoáveis no que toca aos próximos anos, mas há riscos relacionados com a situação na Rússia, entre outras coisas.

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