Síria e crise migratória dominam cimeira franco-britânica

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De  Marco Lemos  com efe, afp, reuters
Síria e crise migratória dominam cimeira franco-britânica

A crise dos migrantes foi o tema dominante da 34.ª cimeira franco-britânica, em Amiens, apenas 150 km a sul de Calais, onde se acumulam milhares de pessoas em condições miseráveis, na esperança de cruzarem o Canal da Mancha em busca de uma vida melhor no Reino Unido.

Para François Hollande e David Cameron, o problema só será resolvido com uma solução para o conflito na Síria e atualmente o que deve ser feito é apoiar mais “a Turquia e a Grécia”.

Ancara já reagiu pela voz do primeiro-ministro. Ahmet Davutoglu afirma que “é errado deixar o peso da crise migratória nos ombros apenas nos ombros da Turquia e da Grécia”.

Entretanto, o primeiro-ministro britânico anunciou ter disponibilizado para este ano uma verba de 22 milhões de euros para ajudar a mitigar os problemas dos que se concentram na “selva” de Calais e noutros campos improvisados no norte de França.

O dinheiro irá ser investido, nomeadamente, em “infrestruturas de segurança prioritárias de apoio às autoridades francesas em Calais, no esforço para “afastar os migrantes económicos”, que não “necessitam de proteção” segundo Londres e Paris, e também na construção de centros de alojamento temporários para os refugiados.

O presidente francês chamou à atenção para a “importante questão” dos “menores desacompanhados”, crianças sozinhas que Hollande deseja que “possam ser reunidas com as famílias” que já estão “no Reino Unido.

Só nos últimos dois anos, desapareceram na Europa mais de 10.000 crianças migrantes, segundo os dados da Europol.

Hollande aproveitou para avisar que uma eventual saída do Reino Unido da UE terá “consequências” também na gestão da crise dos migrantes:

Sobre o conflito na Síria, Hollande e Cameron pediram à Rússia e ao regime sírio para pararem “imediatamente com os ataques” contra as milícias da chamada oposição moderada e acabarem com as violações do cessar-fogo que “comprometem as perspetivas de paz”.

Esta sexta-feira, Cameron, Hollande e Angela Merkel vão ter mais uma conversa telefónica com Vladimir Putin sobre a questão.

No campo militar, Londres e Paris assinaram também um acordo para a produção conjunta de “drones de combate”, um programa em que planeiam investir mais de 2.000 milhões de euros.

O objectivo é criar “uma plataforma de drones polivalentes que poderão servir de base para as futuras capacidades operacionais para lá do ano 2030”, lê-se na declaração conjunta. Uma avaliação do projeto está prevista por alturas de 2020.

Ao final da manhã, o primeiro-ministro britânico e o presidente francês visitaram o cemitério memorial de Pozières onde jazem mais de 2700 militares britânicos mortos na Batalha da Somme, na Primeira Guerra Mundial.

Hoje, os beligerantes são outros mas as guerras continuam e Londres e Paris também acertaram agulhas para a criação de uma força expedicionária franco-britânica com 7000 militares.

O “Brexit”, a possível saída do Reino Unido da União Europeia, e o combate ao terrorismo também marcaram presença nas conversas de David Cameron e François Hollande e, no final, o primeiro-ministro britânico reafirmou que o Reino Unido “ficará melhor numa União Europeia reformada”.

Em Amiens, Hollande e Cameron foram recebidos com alguns protestos:

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Em Calais, por entre protestos, prosseguiu o desmantelamento da parte sul “selva”.