Tragédia na Índia: Investigação por homicídio na derrocada de viaduto em Calcutá

Tragédia na Índia: Investigação por homicídio na derrocada de viaduto em Calcutá
De  Francisco Marques  com ANI, Times of India, Reuters

Acidente aconteceu quinta-feira, às 12h30 locais (08h em Lisboa). A infraestrutura estava em construção desde 2009 e já tinha mais de 60 meses de atraso face aos prazos de execução. Investigação está

A polícia abriu esta sexta-feira uma investigação com suspeita de homicídio por negligência à IVRCL, a responsável pela construção em curso e já muito atrasada do viaduto que colapsou qunta-feira, em Calcutá, matando pelo 24 pessoas e ferindo mais de 80, adianta a delegação indiana da Reuters.

As causas deste acidente estão ainda por apurar. A agência ANI está a adiantar também que cinco elementos da polícia indiana já se terão deslocado a Hyderabad, quase 1500 quilómetros a sul de Calcutá, para interrogar os responsáveis da IVRCL.

(Polícia abre caso de homicídio após colapso de viaduto em Calcutá.)

Numa primeira reação, horas após o acidente, um dos responsáveis da IVRCL, A. G. K. Murthy, citado pela Reuters, garantiu que a empresa ficou “em estado de choque”, alegou que a construtora não recorreu a “material de qualidade inferior” e garantiu que a empresa “vai cooperar nas investigações.”

Já esta sexta-feira, um representante legal da construtora garantiu que “também” a empresa está “ansiosa por sdaner o que se passou”. “Foi um acidente. Como é que se pode responsabilizar alguém?”, questionou o jurídico, numa altura em que nhum responsável da companhia havia ainda sido questionado pelas autoridades.

O representante legal da IVRC defende que “não se trata de um caso de negligência”. “O material usado na construção de 59 pilares do viaduto foi usado também no 60.° poilar. Infelizmente, este colapsou”, lamentou.

O viaduto, com cerca de 2 quilómteros de comprimento, estava em construção desde 2009 e já ultrapassou vários dos prazos propostos no plano de execução.

A ministra do estado de Bengala Ocidental, cuja capital é Calcutá, aponta o dedo ao anterior executivo estatal, que adjudicou a obra em 2007, mas a edição indiana do jornal britânico Telegraph noticiou em novembro a promessa de Mamata Banerjee em inaugurar o viaduto no passado mês de fevereiro, apesar de à altura ainda faltar concluir mais de 20 por cento de uma obra já com um atraso de 62 meses.

O Partido Bharatiya Janata (BJP), um dos maiores na Índia, alegou que a tragédia teve na origem “um ato de fraude pelo governo estatal”. “A ligação corrupta entre o (partido) Congresso Trinamool (TMC) e o partido de esquerda que está na oposição foi exposto. É agora claro que o contrato foi dado a uma empresa da lista negra e a obra não foi terminada no prazo. Exgimos um inquérito ao Departamento Central de Investigação”, disse o ministro de Estado para as Minorias, Mukhtar Abbas Naqvi.

(Calcutá: BJP divulga “denúncia de corrupção” contra o governo TMC de Bengala Ocidental.)

Pelo menos 24 pessoas morreram e quase uma centena ficou ferida após a derrocada de um viaduto, quinta-feira, em Calcutá, no leste da Índia. O balanço foi atualizado esta sexta-feira de manhã pelo Inspetor-geral adjunto da Força indiana de Proteção Civil e Resposta Nacional a Desastres Naturais (NDRF, na sigla original), Shri S. S. Guleria, citado pela agência de notícias local ANI.

(24 pessoas morreram até agora: S.S. Guleria, Inspetor-geral adjunto da NDRF.)

As operações de busca e salvamento e prosseguem no local do acidente, com 10 equipas da NDRF. “A esperança de encontrar mais sobreviventes entre os destroços do viaduto é cada vez mais remota”, revelou o diretor-geral da NDRF, O. P. Singh. A prioridade, acrescentou. S. S. Guleria, é recuperar todos os eventuais cadáveres ainda soterrados, o que, a acontecer, poderá agravar o já trágico balanço de mortos.

“Alguns dos destroços estão a ser removidos e estamos a assegurar que não há mais cadáveres soterrados. As operações, a esta altura, cingem-se à recuperação de cadáveres e à remoção de destroços”, afirmava S. S. Guleria à ANI, numa altura em que o balanço era ainda de 23 mortos.

(A NDRF prosseguiu as operações de busca e salvamento durante a noite.
O cadáver de Shabana foi recuperado às primeiras horas desta sexta-feira.)

O Governo indiando anunciou, entretanto, uma compensação de 500.000 rúpias (cerca de 6600 euros) para os familiares mais próximos das vitimas mortais da queda do viaduto e de 200.000 rúpias (2650 euros) para os feridos mais graves. A derrocada de cerca de 100 metros da infraestrutura aconteceu quinta-feira, pelas 12h30, hora local (08h em Lisboa), e as imagens captadas do momento são impressionantes.

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