A Espanha parece condenada a ir de novo a votos. O rei Felipe VI constatou, no final da segunda ronda das reuniões com os partidos desde a eleição
A Espanha parece condenada a ir de novo a votos. O rei Felipe VI constatou, no final da segunda ronda das reuniões com os partidos desde a eleição de 20 de dezembro, que nenhum dos líderes dos quatro principais partidos está em condições de formar um governo.
O parlamento espanhol está de tal forma fragmentado que não foi possível alcançar nenhuma maioria suficiente para constituir um executivo. O bipartidarismo PP/PSOE, que ao longo de décadas marcou a política espanhola, foi desfeito no último escrutínio pela irrupção de dois novos partidos “Podemos” e “Ciudadanos”, tornando impossível a investidura de um candidato a chefe do governo.
Mariano Rajoy, cujo partido alcançou o maior número de votos, nem sequer se apresentou à investidura, um facto inédito na democracia espanhola.
Pedro Sanchez, o líder socialista a quem o rei encarregou deformar governo, não conseguiu os apoios suficientes. O PP e “Podemos” bloquearam as duas tentativas de investidura. Sanchez só conseguiu o apoio do novo partido liberal, “Ciudadanos”, mas não foi suficiente. O líder socialista e o líder do “Ciudadanos”, Albert Rivera, assinaram mesmo um pacto de 200 medidas ao qual “Podemos”, a terceira força no parlamento, não quis juntar-se.
Há quatro meses que o país está a ser dirigido por um governo de gestão, com poderes limitados aos assuntos correntes, enquanto os espanhóis têm esperado pacientemente um acordo partidário que evite novas eleições a 26 de junho.
“Eu preferia um pacto, mas se não houver acordo, teremos que voltar a votar em junho, mas acho muito mal que tenhamos que esperar tantos meses para haver novas eleições”, afirma uma jovem em Madrid.
Para o jornalista do ABC, Enrique Serbeto, voltar às urnas é a constatação de um fracasso politico de consequências imprevisíveis.
“Os cidadãos têm razões para estarem preocupados e agastados com a situação, porque eles fizeram o que tinham que fazer, que era ir votar, o que não funcionou foi o resto. Penso que isto é um grande fracasso dos partidos e do próprio sistema. Veremos como vai reagir o eleitorado, a única coisa certa é que vai votar menos gente”, afirma.
O voto é a única saída, mas não implica que seja a solução. Ninguém arrisca prever que o próximo parlamento tenha uma composição muito diferente deste que bloqueou a Espanha politicamente durante seis meses.