Irão continua à espera dos benefícios do acordo Nuclear

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De  Nara Madeira
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Passou um ano desde que se chegou a um acordo sobre o programa nuclear iraniano.

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Passou um ano desde que se chegou a um acordo sobre o programa nuclear iraniano. Um documento assinado por cinco potências e Teerão, que pouco mudou no país, ainda que John Kerry, o Secretário de Estado norte-americano, sublinhe a questão da segurança:

“Acho que o mundo pode orgulhar-se pelo facto desta negociação complicada, multilateral, ter produzido um resultado que torna a região menos volátil e faz com que o próprio mundo fique mais seguro em termos de proliferação nuclear”, adiantou Kerry.

O acordo foi alcançado em Viena, depois de anos de negociações. O Irão travar o seu programa nuclear e, em troca, a ONU levanta as sanções contra o país. Ao assinar o acordo, Presidente Hassan Rohani, esperava que a recuperação económica do Irão acontecesse rapidamente, mas não.

Os investidores estrangeiros continuam relutantes, mas o principal problema é outro: a dificuldade em obter financiamento, também bancário, para iniciar os projetos que porão a economia a funcionar. E os desafios não acabam aqui. União Europeia e Nações Unidas cumpriram a sua parte, ao levantarem as sanções aos bancos e ao setor da energia, mas as sanções dos EUA, sobre a economia iraniana, continuam. As empresas americanas estão proibidas de fazer negócios com o Irão e os bancos iranianos e estrangeiros, que fazem transações com o país, não estão autorizados a fazê-lo em dólares americanos.

O país vive um bloqueio que não lhe permite sequer concluir os contratos de milhões de dólares com a Boeing e a Airbus. O Irão encomendou 118 aviões à Airbus que não foram ainda entregues por falta de crédito.

Nos últimos dez anos, o BNP Paribas, o HSBC e o Deutsche Bank pagaram milhares de milhões de dólares em multas por atividades relacionadas com o Irão. Os bancos estrangeiros temem as sanções dos EUA.

Mas a questão americana é mais complexa do que parece. Há um ano, a maioria dos democratas apoiou o acordo sobre o nuclear, mas os republicanos não, e são eles que estão a boicotar o fim das sanções. Aliás, alguns têm, repetidamente, introduzido legislação que a administração Obama vê como passos para minar o acordo internacional.

Para o Irão a situação é insustentável. As ameaças sucedem-se:

“Em nenhum momento e em nenhuma circunstância, as potências mundiais, que assinaram acordo nuclear com o Irão, devem recusar-se a manter os seus compromissos, estamos completamente prontos e temos a capacidade nuclear para reverter o nosso programa para um estágio desejável num curto período de tempo”, afirmou Hassan Rouhani.

A manter-se esta situação o povo iraniano vai começar a ver a questão como se fossem apenas eles a cumprir o acordo. Isso pode ajudar a fortalecer a fação mais dura da política iraniana, próxima do antigo presidente Mahmoud Ahmadinejad, a menos de um ano das eleições presidenciais.

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