Solar Impulse 2: Primeira volta ao mundo sem recurso a combustíveis

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De  Nelson Pereira
Solar Impulse 2: Primeira volta ao mundo sem recurso a combustíveis

O avião Solar Impulse 2 concluiu esta terça-feira a primeira volta ao mundo sem recurso a combustíveis.

Depois de 48 horas de voo, a aeronave pilotada por Bertrand Piccard completou a etapa final, entre o Cairo e Abu Dhabi.

Foi no aeroporto de Al Bateen, em Abu Dhabi que o companheiro de Piccard, André Borschberg, iniciou em 9 de março de 2015 uma viagem que abre um novo capítulo na história das energias renováveis. Piccard e Borschberg revezaram-se nos comandos da aeronave nas 17 etapas

“Esta volta ao mundo histórica, com um avião alimentado apenas com energia solar, não representa unicamente uma vitória da aviação. Foi vencido um desafio tecnológico importante para as energias renováveis”, lembra a correspondente da euronews Rita del Prete.

Para Bertrand Piccard, depois desta vitória há que unir esforços a nível mundial e pressionar os governos, pois o objetivo é fazer avançar a transição para as energias limpas. Propõe-se para isso criar um comité internacional das tecnologias limpas que permitiria a coordenação de esforços entre aqueles que trabalham na área das tecnologias, dando-lhes “mais poder e uma voz comum para influenciar os governos.”

O projeto de criação desta entidade conta já com a adesão de 400 organizações mundiais dedicadas à causa ambientalista e às tecnologias não-poluentes, capazes de oferecer aos governos e às empresas informação credível e independente sobre o uso de energias limpas.

“Os nossos parceiros não se limitaram a financiaram o projeto do Solar Impulse, contribuiram também com tecnologia. Foi esta conjugação de esforços que permitiu ao Solar Impulse voar dia e noite sem combustível. É disto que o mundo precisa”, sublinha Piccard.

A entrada das energias alternativas na aviação é uma mudança urgente, face aos problemas ambientais.

A redução de emissões de gases de efeito estufa não é ainda uma prioridade para o transporte aéreo, que é o meio de transporte mais poluente.

As companhias aéreas deram-se um prazo demasiado confortável, até 2050, para reduzir a metade as suas emissões. Entretanto o tráfego aéreo aumenta anualmente entre 4 e 5%, fazendo aumentar o consumo de queresone.

Os construtores e as companhias aéreas sabem que é necessário preparar a era pós-petróleo. A proeza alcançada pela equipa liderada por Piccard e Borschberg prova que a passagem às energias não-poluentes na aviação é possível.

“Ao bater um recorde, estamos a levar mas adiante o que alguém antes começou, acreditamos que é possível fazer melhor aquilo que já alguém fez. Quando é a primeira vez, não sabemos se é possível, porque ninguém tentou antes”, frisa Piccard, acresentando que “Foi esta a principal motivação da nossa equipa, mas também de todos aqueles que quiseram seguir-nos: tornar possível algo que era considerado pelos especialistas impossível de realizar. E é por isso que hoje estou tão feliz, porque mostrámos que era possível.”