#FootballLeaks: Jorge Mendes será o "cérebro" da alegada evasão fiscal de Ronaldo e Mourinho

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De  Francisco Marques  com el mundo
#FootballLeaks: Jorge Mendes será o "cérebro" da alegada evasão fiscal de Ronaldo e Mourinho

Afinal é o empresário Jorge Mendes, o dono da empresa Gestifute e representante de Cristiano Ronaldo e José Mourinho, quem estará no centro de um alegado esquema de fuga aos impostos em Espanha.

O suposto papel fulcral do “super agente” português neste esquema ilegal é revelado este sábado por um consórcio europeu de investigação através de diversos meios de comunicação social parceiros, como o semanário português Expresso, o semanário alemão Der Spiegel ou o diário espanhol El Mundo. Na base da investigação estarão mais de 18 milhões de documentos secretos a que o grupo de investigadores teve acesso.

O alegado esquema de evasão fiscal começou a ser revelada quinta-feira pelo jornal digital El Confidencial, incidindo em Cristiano Ronaldo, por alegadamente, lia-se, o jogador português ter utilizado uma empresa na Irlanda, onde os impostos empresariais são dos mais baixos na União Europeia (12,5 por cento), para evitar a taxa mais alta da “Hacienda” espanhola.

Gestifute reage em comunicado

A notícia motivou de pronto um comunicado da Gestifute, logo na quinta-feira à noite, garantindo que o avançado do Real Madrid, assim como o treinador José Mourinho, “estõ em dia com as suas obrigações fiscais tanto em Espanha como no Reino Unido.”

O caso foi ganhando força pelas redes sociais e na sexta-feira começou a ganhar outros contornos mais profundos, à medida que os meios de comunicação privilegiados pelo consércio europeu responsável pelos dados começou a antecipar as notícias que viriam a surgir nas bancas este sábado.

Favorito a revalidar o título de melhor do Mundo este ano e no dia em que o Real Madrid enfrenta o rival Barcelona, em Camp Nou (empataram 1-1), Cristiano Ronaldo é acusado de ter omitido ao fisco espanhol mais de 60 milhões de euros em direitos de imagem negociados através de empresas sediadas nas Ilhas Virgens Britânicas, um paraíso fiscal, e na Irlanda.

Os direitos de imagem do avançado do Real Madrid começaram por estar alocados a empresas caribenhas, num pacote avaliado em 74,8 milhões de euros, tendo sido cedidos de 2014 até 2020 a uma outra sociedade “offshore” através de uma empresa irlandesa, por outros 75 milhões de euros. Pelo meio, o jogador terá declarado apenas 11 milhões de euros em diretos de imagens negociados em Espanha.

O secretário de Estado espanhol para os assuntos fiscais confirmou os dados avançados pela investigação jornalística revelada este sábado sobre os rendimentos de Cristiano Ronaldo obtidos através de “offshores” e adiantou que o Governo vai continuar a investigar os 150 milhões de euros gerados pela imagem do português entre 2009 e 2020.

Mourinho já foi multado

Quanto a José Mourinho, o treinador é visado na investigação pelo período em que trabalhou no Real Madrid (2010-2013). De acordo com os documentos citados, o atual treinador do Manchester United, apesar da participação em diversos anúncios publicitários, não terá declarado à agência tributária espanhola um só euro oriundo dos direitos de imagem e terá “escondido” os ganhos até em empresdas da Nova Zelândia.

“A ‘Hacienda’ abriu-lhe uma inspeção em 2014 e após um ano de investigação impôs-lhe uma sanção”, lê-se no El Mundo, onde é especificado que o Mourinho terá pago uma multa de 2,1 milhões de euros, “apenas 20 por cento do recebido pelos direitos de imagem entre 2010 e 2013, o que sublinha os obstáculo colocados às autoridades pelo universo Mendes”, acrescenta o jornal.

Também Radamel Falcao, do AS Monaco, foi implicado neste esquema da Gestifute. Após trocar o FC Porto pelo Atlético de Madrid, em agosto de 2011, o colombiano cedeu os direitos de imagem por apenas um euro a uma sociedade nas Ilhas Virgens Britânicas e um dia depois esses mesmos direitos estavam na posse das sociedades MIM e Polaris, sediadas em Dublina, na Irlanda.

Falcao investigado até em Portugal

Falcao terá gerado 1,5 milhões de euros em direitos de imagem, entre 2011 e 2013, mas o dinheiro não passou pelo fisco espanhol, terá andado entre as sociedades da rede utilizada pelo chamado “universo Mendes” e acabou numa conta do jogador num banco suíço, o St. Galler Kantonalbank.

Em 2014, a autoridade fiscal espanhol “acordou” para os ganhos de Falcao e abriu uma investigação às declarações de impostos apresentadas pelo colombiano. A autoridade tributária e aduaneira portuguesa, em outubro do ano seguinte, também abriu uma investigação ao dinheiro movimentado pela transferência do jogador do FC Porto para o Atlético de Madrid, por 40 milhões de euros.

Radamel Falcao terá decidido sair do esquema do “universo Mendes” no final de 2015 e transferiu os seus direitos de imagem para uma empresa britânica para limitar o risco de fraude fiscal.