EUA ajudam ONU a "chumbar" colonatos de Israel na Palestina

EUA ajudam ONU a "chumbar" colonatos de Israel na Palestina
De  Francisco Marques

A resolução foi proposta a votação por quatro países após o recuo do promotor original, o Egito, devido a pressões de Israel e do Presidente-eleito dos Estados Unidos, Donald Trump.

Com a abstenção dos Estados Unidos, um dos cinco membros com poder de veto, o Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou esta sexta-feira uma resolução que exige a Israel o fim “de imediato e por completo a toda a atividade dos colonatos nos territórios ocupados da Palestina, incluindo em Jerusalém Oriental”.

As Nações Unidas consideram a implementação destes colonatos por Israel ilegal e “constituindo uma flagrante violação, de acordo com a lei internacional.”

A resolução foi proposta para votação pelo Egito, mas perante o recuo egípcio na quinta-feira devido a pressões de Israel e de Donald Trump, o Presidente-eleito dos Estados Unidos, quatro outros membros — Malásia, Nova Zelândia, Senegal e Venezuela — insistiram na colocação da resolução à votação esta sexta-feira dos 15 membros do Conselho de Segurança.

A resolução necessitava apenas de nove votos a favor e nenhum veto por parte dos cinco membros permanentes: China, França, Reino Unido, Rússia e Estados Unidos. Com a abstenção norte-americana, a resolução foi aprovada com 14 votos a favor e marca uma viragem extrema na relação diplomática entre Washinton e Telavive, colocando mais um problema à Adminsitração Trump, que toma posse a 20 de janeiro.

Foi a primeira resolução adotada pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas, em mais de setenta anos, em relação ao conflito que opõe Israel e a Palestina.

Ao longo do dia, perante a alegada intenção do Estados Unidos se absterem na votação da resolução, surgiram várias manifestações a apelar à oposição norte-americana a esta resolução.

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, e o Presidente-eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, terão ambos pedido à representação norte-americana no Conselho de Segurança para vetar a resolução.

A ainda Administração liderada por Barack Obama não vacilou e manteve a esperada abstenção, através do voto da embaixador dos EUA na ONU, Samantha Power.

Embora, na prática, esta resolução vá ter pouco efeito no terreno, até porque o próximo Presidente norte-americano a deverá ignorar e continuar a apoiar Israel, a verdade é que resulta numa demonstração oficial de desaprovação da comunidade internacional em relação à política de colonatos de Israel nos territórios ocupados da Palestina e reforça as reclamações de soberania dos palestinianos.

As reações da oposição não se fizeram esperar. Pelo Twitter, o senador texano Ted Cruz repartilhava e apoiava o comunicado emitido horas antes pelo também senador Lindsey Graham a apelar ao corte da ajuda financeira norte-americana às Nações Unidas.

Na qualidade de Presidente do subcomissão para as Operações Externas da Comissão de Apropriações do Senado, função pela qual, sublinhou, supervisiona a assistência dos Estados Unidos às Nações Unidas, Lindsey Graham destacava a responsabilidade norte-americana por cerca de 22 por cento do orçamento da ONU e apelava, caso a resolução contra os colonatos de Israel fosse aprovada, a um corte completo ou em parte dessa assistência.

(Quanto à ONU, as coisas vão ser diferentes depois de 20 de janeiro.)

As Nações Unidas consideram os colonatos judeus ilegais, mas autoridades da ONU têm relatado um aumento na construção nos últimos meses. Estes colonatos nos territórios palestinianos são considerados como um dos grandes obstáculos à paz entre Israel e Palestina, assim como no Médio Oriente.

Notícias relacionadas