O Hamas anunciou a dissolução da administração que governa a faixa de Gaza: um passo em direção a um governo de unidade nacional
O Hamas decidiu dissolver a administração que governa a faixa de Gaza, convidar o governo de Mahmoud Abbas a regressar ao enclave e afirma-se disposto a realizar novas eleições em Gaza e na Cisjordânia.
Divididos entre dois governos rivais desde 2007, depois da vitória eleitoral do Hamas e da expulsão das forças leais a Abbas de Gaza, os palestinianos viram entregue ao presidente da Autoridade Palestiniana a administração das zonas autónomas da Cisjordânia.
Depois de uma década de aguda rivalidade com o presidente da autoridade nacional palestiniana, Mahmoud Abbas, esta é uma decisão da maior importância em direção à passagem do controlo do enclave para um governo de unidade.
“O Hamas tomou a decisão séria e patriótica de dissolver o comité administrativo, mas como vai o Fatah e o Presidente da Autoridade Palestinina lidar com esta decisão ou com o esforço do Egito? Abbas e o Fatah estão perante um novo teste”, avança o porta-voz do Hamas, Fawzi Barhoum.
O Fatah, movimento secular de Abbas, aspira a ser um exemplo, numa altura em que as sondagens não o favorecem: “Esperamos tornar-nos um exemplo com que o mundo possa aprender, porque a causa palestiniana é uma causa justa e um grande povo que precisa de uma liderança responsável, em sintonia com o povo”, diz Abbas Zaki, membro do comité central do Fatah.
Mahmoud Abbas adiou para depois da assembleia geral da ONU a discussão da liderança, mas nas ruas a esperança está presente, como confirma Nour Saleh, residente em Gaza: “Aplaudimos esta decisão. Ficámos a saber da iniciativa do Hamas de dissolver o comité administrativo. Como parte da juventude palestina, aplaudimos este passo, que achamos ser na direção certa e esperamos que este espírito de governo de unidade nacional continue para sempre entre todas as componentes e sectores do povo palestiniano.”
A reconciliação nacional acordada em 2014 pelo Hamas e pelo Fatah falhou por falta de consenso nos detalhes; um governo de unidade nacional formado depois do Hamas ter ganho as eleições gerais, em 2006, durou apenas meses. As duas partes não chegaram a encontrar-se agora, durante as negociações mediadas pelo Egito.
Apesar do anúncio agora feito, não é claro se o Hamas está disposto a colocar as suas forças de segurança sob o controlo de Abbas, um ponto essencial que inviabilizou tentativas de reconciliação passadas.