Zimbabué: Militares detêm ministros de Mugabe mas negam "golpe"

O exército do Zimbabué desafia pela primeira vez em mais de três décadas o poder do presidente Robert Mugabe. A capital do país despertou, esta manhã, com a televisão nacional e vários edifícios públicos ocupados por militares, após relatos de vários tiroteios e explosões.
Pelo menos cinco responsáveis do governo e da polícia terão sido detidos durante a noite, entre os quais o ministro das Finanças, Ignatius Chombo.
Num comunicado lido em direto na televisão nacional, um dos responsáveis do exército nega, no entanto, tratar-se de um golpe militar, falando de uma operação para deter o que considera ser a “rede de criminosos” em torno do chefe de Estado de 93 anos.
“Queremos assegurar que o presidente e chefe das forças armadas do Zimbabué encontra-se são e salvo e em segurança”, afirmou o responsável de logística do exércio nacional, o Major-General SB Moyo.
A intervenção liderada pelo chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, o general Constantino Chiwenga, foi considerada como uma “traição” e uma “incitação à rebelião” num comunicado do partido de Mugabe, o ZANU-PF.
A entrada em cena dos militares ocorre num clima de crise económica e de fratura dentro do partido governamental em torno da sucessão do presidente, uma semana após a demissão do vice-presidente, denunciada como uma “purga” pelos militares.
Emmerson Mnangagwa, um veterano da guerra da independência, tinha sido alegadamente afastado do cargo pela atual primeira-dama do país, Grace Mugabe, que também aspira a suceder ao marido na presidência.
O principal partido da oposição, o MDC, apelou esta manhã a uma “democratização pacífica e constitucional” do país, após a intervenção dos militares.