A leitura dos derradeiros vereditos, em Haia, pelo coletivo de juízes do Tribunal Penal Internacional para os crimes na antiga Jugoslávia foi seguida com atenção na Bósnia e na Croácia
A derradeira leitura de sentenças realizada esta quarta-feira, em Haia, na Holanda, pelo Tribunal Penal Internacional para crimes cometidos na antiga Jugoslávia (TPI-J) confirmou as condenações, entre 10 e 25 anos de prisão, de seis antigos responsáveis militares croatas da Bósnia por crimes cometidos durante a Guerra dos Balcãs entre 1992 e 1994.
Talvez as sentenças pudessem ter sido mais pesadas
Antigo prisioneiro na Guerra da Bósnia
Manchado sobretudo pelo suicídio transmitido em direto pelo TPI-J, o veredicto no processo "Procuradoria contra Jadranko Prlić" foi seguido com muita atenção, por exemplo, em Mostar e em Zagreb e, como é normal, gerou diferentes reações de ambas as partes.
Dois antigos prisioneiros dos croatas na Guerra da Bósnia ficaram satisfeitos. "Talvez as sentenças pudessem ter sido mais pesadas, mas no geral, aceita-se.
Queremos fechar este capítulo e acabar com isto. Esta foi uma sentença para responsáveis por crimes de guerra, não para todo o povo croata. Tenho muitos amigos croatas", assumiu Ibrahim Badzak. "Todos esperávamos a confirmação de que se tratava de uma organização criminosa. Não era apenas o veredicto contra Slobodan Praljak, mas também contra os que executaram as políticas de um certo grupo", defendeu Emir Hajrovic.
Pelo lado dos condenados, o líder da associação de veteranos de guerra da Croácia critica a sentença e aponta o dedo ao coletivo de juízes "ad hoc" do TPI-J.
"Este veredicto não vai levar à reconciliação nem a um futuro entre os povos da Bósnia e Herzegovina. Quanto ao tribunal de Haia, os juízes também deviam ser acusados de formarem uma organização criminosa", acusou Miro Sunjic, o líder da Associação de Veteranos de Guerra croatas.
Mais de 160 suspeitos de toda a antiga Jugoslávia foram acusados pelo TPI-J por atrocidades étnicas cometidas na Guerra dos Balcãs entre 1991 e 1999. Dos 83 condenados, mais de 60 eram sérvios.
O principal suspeito era o antigo presidente jugoslavo e sérvio, Slobodan Milosevic, que morreu de ataque cardíaco meses antes de uma decisão num julgamento por genocídio
Na semana passada, Ratko Mladic, um antigo chefe militar sérvio da Bósnia foi condenado a prisão perpétua por genocídio, crimes de guerra e crimes contra a humanidade pelo assassínio em massa de muçulmanos e pelo cerco a Sarajevo.