Polémico arcebispo de Boston morre aos 86 anos

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Direitos de autor  REUTERS/Brian Snyder
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De  Euronews com Reuters/AFP/Lusa
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Cardeal Bernard Law apresentou a demissão em 2002, depois de investigação jornalística ter revelado dezenas de denúncias de abuso sexual de menores. Caso foi retratado em "Spotlight", vencedor do Óscar para melhor filme em 2016.

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Morreu aos 86 anos o cardeal Bernard Law, antigo arcebispo de Boston, que foi acusado de encobrir membros do clero, envolvidos em casos de abusos sexuais de menores. O cardeal estava doente e tinha sido hospitalizado recentemente em Roma, cidade onde vivia desde que foi forçado a abandonar os Estados Unidos, depois de quase duas décadas à frente da quarta maior diocese norte-americana.

Nomeado arcebispo de Boston em 1984, apresentou a demissão ao Papa João Paulo Segundo no final de 2002. Nesse ano, uma investigação do jornal "The Boston Globe" revelou registos da igreja que atestavam a passividade de Bernard Law, que nada fez perante várias denúncias de abusos sexuais de crianças por parte de quase uma centena de padres.

A investigação valeu aos jornalistas um prémio Pulitzer e o escândalo foi retratado em "Spotlight", vencedor do Óscar para melhor filme em 2016.

Logo após estalar o escândalo, em que Bernard Law foi acusado de manter em funções dezenas de padres com antecedentes pedófilos conhecidos, foram interpostos perto de 500 processos contra dezenas de padres e por negligência contra a arquidiocese de Boston.

A queda em desgraça de Bernard Law foi brutal e figurou como um raro passo para a igreja, que resiste profundamente à pressão pública, mas que não podia mais fazê-lo atendendo à dimensão da crise.

Desde 1950, mais de 6.500, ou 6% dos padres dos Estados Unidos, foram acusados de molestar crianças e a Igreja Católica pagou mais de 3.000 milhões de dólares em acordos às vítimas, de acordo com estudos encomendados por bispos norte-americanos e artigos divulgados pelos 'media'.

Como líder da arquidiocese no epicentro do escândalo, Law ficou marcado como um símbolo do fracasso generalizado da igreja em proteger as crianças.

No entanto, ainda tinha algum apoio por parte do Vaticano, tanto que, em 2004, foi nomeado arcipreste da Basílica de Santa Maria Maior, uma das quatro principais de Roma.

Quando o papa João Paulo II morreu, no ano seguinte, Law estava entre os bispos que presidiram à missa pelo pontífice na Basílica de São Pedro. Além disso, continuou durante vários anos a servir nos dicastérios do Vaticano ou em comités de políticas, incluindo a Congregação para os Bispos, que recomenda nomeações ao papa.

Nascido em 04 de novembro de 1931, Bernard Law foi ordenado padre em 1961. Depois de um cargo na conferência episcopal foi nomeado bispo da diocese de Springfield-Cape Girardeau, no Missouri, e mais tarde, em 1984, arcebispo de Boston, uma importante nomeação dado tratar-se da quarta maior diocese dos Estados Unidos.

Apesar de ter feito campanha pelos direitos civis no Mississippi, de ter sido uma voz proeminente noutros domínios, um visitante regular da Casa Branca durante a presidência de George W. Bush ou de trabalhado de perto com líderes religiosos da América Latina, atuando como enviado não-oficial do papa a Cuba, o legado de Bernard Law foi ofuscado pelo escândalo de pedofilia que atingiu o clero de Boston.

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