Alguns dos detidos receberam Prémio Sakharov para a Liberdade de Pensamento do Parlamento Europeu. Brasília fala em "medidas de reciprocidade".
A Comissão para a Verdade, Justiça, Paz e Tranquilidade Pública, estrutura da Assembleia Nacional Constituinte da Venezuela para investigar a violência, recomendou a substituição da pena de mais de 80 presos para punições como trabalho comunitário.
A presidente da Assembleia Nacional Constituinte da Venezuela, Delcy Rodríguez, afirmou que a recomendação foi feita aos “distintos órgãos do sistema de justiça penal”.
A responsável disse esperar que esta medida se concretize “nas próximas horas”, revelando que, enquanto alguns dos presos beneficiarão de medidas preventivas alternativas, outros propuseram-se a “formas alternativas de justiça”.
Em causa está, por exemplo, a condenação a “trabalho comunitário para pessoas que já foram condenadas”, precisou Delcy Rodríguez.
Mais de 150 mortos em protestos
Em 2014 e em meados deste ano, a Venezuela passou por vagas de protestos contra o Governo, que provocaram mais de 150 mortos, entre os quais apoiantes do regime, mas essencialmente da oposição.
Foram ainda detidas centenas de pessoas e registaram-se danos avaliados em milhões de euros.
Um dos detidos nos protestos de 2014 foi o líder do movimento político da oposição Voluntad Popular, Leopoldo López, que no ano seguinte foi condenado a quase 14 anos de prisão por ter alegadamente provocado distúrbios numa das manifestações contra o Governo, em que morreram três pessoas.
Embaixador brasileiro, persona non grata
Entretanto, a Venezuela declarou *persona non grata *o Embaixador do Brasil em Caracas, Ruy Pereira, assim como o Encarregado de Negócios da Embaixada do Canadá.
"No âmbito da competência da Assembleia Constituinte, decidimos declarar persona non grata o embaixador do Brasil até que se restitua o fio constitucional que o governo de facto violou no país irmão", disse Rodríguez, em referência ao Governo do presidente Michel Temer.
Tensões entre Brasília e Caracas
O Governo brasileiro indicou que, a confirmar-se a decisão, irá aplicar “medidas recíprocas”, criticando o “caráter autoritário” do executivo de Nicolás Maduro.
A tutela do Governo de Michel Temer informou “teve conhecimento” da decisão da presidente da Assembleia Nacional Constituinte.
O Governo brasileiro tem feito críticas públicas à gestão de Nicolás Madur. Para além de discordar das ações tomadas pelo líder venezuelano.
O Brasil diz enfrentar dificuldades para acolher milhares de venezuelanos que, desde o ano passado, fogem da fome e se refugiam nos Estados brasileiros do Acre e Amazonas, localizados perto da fronteira com a Venezuela.