Organização das Nações Unidas diz que é necessário agir imediatamente nestes dois países
O Brasil e Moçambique estão na lista de urgência da ONU de países que precisam de uma ação prioritária para combater a lepra.
A lepra é uma doença infecciosa que afeta a pele e os nervos, com mais de 200 mil novos casos registados por ano, em todo o mundo.
Alice Cruz, relatora especial para a eliminação da lepra do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, admite que o número de infeções no Brasil e em Moçambique é preocupante, e que é necessário agir imediatamente.
Apesar de ser uma doença curável, a lepra atinge também uma dimensão preocupante noutros países no mundo, como é o caso da Índia, Indonésia, Bangladesh, República Democrática do Congo, Madagáscar, Myanmar, Nepal, Filipinas, Etiópia ou Nigéria.
A Organização Mundial de Saúde registou 214.783 casos de lepra em 2016, incluindo 12.437 pessoas com um grau avançado da doença.
A responsável da ONU, Alice Cruz, considera que a discriminação que roda à volta da doença também precisa de ser eliminada.
*"Muitas pessoas com lepra permanecem presas num ciclo interminável de discriminação e deficiência", *disse, em relação ao preconceito que pode sofrer um doente.
Alice Cruz denuncia que a doença pode levar a "*violações de direitos humanos e a segregação de pessoas atingidas pela doença". *
"A realidade é que a doença continua a afetar pessoas, o que mostra que há atrasos no diagnóstico e falta de acesso a tratamento de alta qualidade. As crianças estão entre aqueles que sofrem desnecessariamente", disse a relatora das Nações Unidas.
Alice Cruz considera também que a lepra acaba por afetar as comunidades mais pobres.
"Os países onde a lepra é endémica associa-se às desigualdades sociais e afeta principalmente as comunidades mais pobres. (...) Noutors países, surgem novos desafios, tais como o aumento de casos entre pessoas nascidas no exterior", afirmou, acrescentando que aos páises "devem agir em cumprimento das obrigações com os direitos humanos, eliminando leis discriminatórias e de segregação", admite Alice Cruz.
Em Portugal, segundo a Direção-Geral de Saúde, a doença não constitui perigo para a saúde pública.