O antigo líder sérvio-bósnio foi considerado culpado pela morte de cerca de 8 mil muçulmanos em Srebrenica em 1995, classificado como o pior massacre na Europa após a I Guerra Mundial
Um "erro" e uma "injustiça." Estes são alguns dos argumentos invocados pela defesa de Radovan Karadzic, antigo líder sérvio-bósnio no recurso apresentado à justiça para anular a sentença proferida pelo Tribunal Penal Internacional para a ex-Jugoslávia, em 2016. O recurso está a ser analisado, em Haia, pelo chamado Mecanismo dos Tribunais Penais Internacionais.
"Foi pedido a Karadzic que escolhesse entre representar-se a si próprio ou testemunhasse na sua defesa. E o facto de ter sido colocado nessa posição representa uma violação do direito à auto representação" refere Kate Gibson que representa a defesa de Karadzic.
Condenado a 40 anos de prisão por genocídio e crimes de guerra, Karadzic não é o único contestar a decisão do TPI. Também, a acusação fala de "erros" e pede, por isso, que a sentença seja revista para prisão perpétua à semelhança do que aconteceu com o antigo comandante do Exército sérvio-bósnio, Ratko Mladic.
Para os sobreviventes e familiares de vítimas de crimes cometidos na Bósnia ainda não foi feita justiça
"Se não for condenado a prisão perpétua não é um castigo. Não é uma sentença para o crime de genocídio" refere Munira Subasic, presidente da associação Mães de Srebrenica.
Depois de 12 anos em fuga, Karadzic acabou por ser preso em 2008, julgado e condenado por 10 crimes mais de duas décadas após o fim da guerra civil na Bósnia-Herzegovina. A guerra que terminou em 1995 provocou cerca de 100 mil mortos e mais de dois milhões de deslocados.