O Alto Comissário da ONU para os Direitos Humanos apontou o dedo à polícia, grupos armados pró-governamentais e alegados atiradores furtivos
Na Nicarágua, há dois meses que dura a crise mais sangrenta desde a década de oitenta. Na origem dos protestos anti-governamentais está a reforma da segurança social que se converteu num grito de repúdio nacional do governo liderado pelo presidente Daniel Ortega.
"Eu deploro a violência, incluindo o incidente de fogo posto ocorrido há dois dias"
Alto Comissário da ONU para os Direitos Humanos
Após 62 dias de confrontos o número de mortos ronda as duas centenas de acordo com informações fornecidas por vários organismos humanitários.
O Alto Comissário da ONU para os Direitos Humanos, Zeid Ra'ad al Hussein, condenou a violência e denunciou a polícia e grupos pró-governamentais.
"Na Nicarágua, os protestos anti-governamentais dos últimos dois meses levaram à morte de pelo menos 178 pessoas, praticamente todas às mãos da polícia, grupos armados pró-governamentais incluindo o alegado uso de atiradores furtivos. Eu deploro a violência, incluindo o incidente de fogo posto ocorrido há dois dias. A gravidade destes desenvolvimentos pode merecer uma comissão internacional de inquérito", afirmou Zeid Ra'ad al Hussein.
Na segunda-feira, a Conferência Episcopal, encarregada de mediar o diálogo com o governo, suspendeu os trabalhos afirmando que o governo não apresentou cópias das cartas de convite alegadamente enviadas aos organismos internacionais.
Entre estes conta-se a Comissão Interamericana para os direitos humanos, a União Europeia e a Secretária-geral da Organização de Estados Americanos.
Esta terça-feira, o governo anunciou que vai retomar o diálogo propondo a criação de comissões locais de paz e fim de travar o que descreve como a onda terrorista que se apoderou do país.