Já morreram pelo menos 350 pessoas desde o início dos protestos no país centro-americano.
Tiveram lugar, na Nicarágua, os funerais das mais recentes vítimas do conflito que opõe manifestantes ao Governo do presidente Daniel Ortega e que já deixou pelo menos 350 mortos e cerca de dois mil feridos.
Forças do Executivo mantinham, no início da semana, isolada a cidade de Masaya, na região metropolitana de Manágua, a 27 quilómetros da capital.
Patrulhas armadas levaram a cabo um intenso ataque que teve como a comunidade de Monimbó, numa das zonas onde mais se fez sentir resistência ao presiente Ortega, desde o início das convulsões sociais do passado mês de abril.
Os grupos armados levaram também a cabo ataques contra a localidade vizinha de Nindirí, situada entre Manágua e Masaya.
A Alta Representante para a Política Externa e de Segurança da União Europeia, Federica Mogherni, pediu ao Governo da Nicarágua para pôr fim à violência "de forma imediata" no país centro-americano.
De acordo com a delegação do bloco europeu na Nicarágua e perante o Sistema para a Integração Centro-Americana, SICA, a Alta Comissária escreveu ao ministro dos Negócios Estrangeiros (Relações Exteriores) da Nicarágua, Denis Moncada.
Mogherini lamentou "a morte de inocentes" e fez um chamamento para que a Justiça da Nicarágua não deixe de perseguir os responsáveis pelas "mortes de inocentes" pediu o fim do que definiu como "grupos armados fora da lei."
A Alta Comissária para a Politica Externa europeia disse que a União estava disposta a acompanhar o diálogo entre a Aliança Cívica, que representa a população, e o Governo de Daniel Ortega.
Bruxelas tem destinados cerca de 300 mil euros para assistência médica às vítimas e para apoiar várias organizações de defesa dos Direitos Humanos.
A Comissão Interamericana dos Direitos Humanos, (CIDH) e o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH) responsabilizam o Governo da Nicarágua por "assassinatos, execuções extra-judiciais, maus tratos, possíveis torturas e detenções arbitrárias contra a população mais jovem do país, acusações negadas pelo Executivo de Manágua.
Para o Governo de Daniel Ortega, os manifestantes são parte de "grupos terroristas."
A Nicarágua passa pela crise social e política mais violenta desde os anos 80. Os protestos contra Daniel Ortega começaram em abril, por causa de uma reforma da Segurança Social falhada.
As manifestações subiram de tom, tendo a cidadania exigido que o presidente abandonasse o cargo, depois de 11 anos no poder.
O presidente Daniel Ortega é acusado de abuso de poder e de corrupção pela oposição e por movimentos de estudantes.
Esta terça-feira, o Ministério Público acusou o ativista Medardo Mairena de crime organizado, terrorismo e pelo assassinato de quatro agentes das autoridades.
A Justiça diz que Mairena, que participa no chamado diálogo nacional como interlocutor, juntamente com Pedro Mena, outro dos ativistas e dirigentes críticos com o Governo, é responsável pelos crimes de sequestro, roubo e danos à propriedade privada.