Poderá Juncker travar guerra comercial com EUA?

Poderá Juncker travar guerra comercial com EUA?
De  Damon EmblingIsabel Marques da Silva
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O aumento das tarifas sobre o aço e o alumínio europeus, decidido pelo governo dos EUA, abriu uma guerra comercial entre EUA e UE. A deslocação do presidente da Comissão Europeia a Washington visa retomar o diálogo, depois de ter assinado, há poucos dias, um acordo de livre comércio com o Japão.

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O aumento das tarifas sobre o aço e o alumínio europeus, decidido pelo governo dos Estados Unidos da América, abriu uma guerra comercial entre EUA e União Europeia. A deslocação do presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, a Washington, visa retomar o diálogo, depois de ter assinado, há poucos dias, um acordo de livre comércio com o Japão.

Mas esse trunfo não deve impressionar o presidente norte-americano, Donald Trump, segundo o analista do Center for European Reform, Sam Lowe: "Penso que Trump não tem intenções de fazer um acordo, está apenas apostado em aumentar o ambiente de incerteza na esperança de que isso permita criar mais emprego local nestes setores, sobretudo nos locais onde tem muitos eleitores, aos quais prometeu que seriam criados postos de trabalho, no futuro".

"Esperemos que retomar o diálogo entre a União Europeia e os EUA permita baixar as tensões e levar a um desanuviamento. Contudo, não estou muito otimista", acrescentou.

A Comissão Europeia quer evitar que Donald Trump concretize a ameaça de aumentar as tarifas sobre os automóveis europeus. Seria mais uma prova da convicção do presidente norte-americano de que a União Europeia é um dos "piores inimigos" do ponto de vista comercial.

A divisa "América primeiro" passa pelo protecionismo dos produtos locais e, numa exposição de alguns desses produtos, Trump criticou os acordos existentes, dizendo: "Isso não é livre comércio, isso é comércio de idiotas, é comércio estúpido e nós não já fazemos esse tipo de comércio".

O Presidente do Conselho Eurpeu, Donald Tusk, tem advertido que "os riscos reais para a economia são a incerteza política, a guerra tarifária, a imprevisibilidade, a irresponsabilidade e a retórica agressiva", numa mensagem no Twitter.

Face a esta visão diametralmente oposta entre tradicionais aliados, a presidente-executiva da Câmara de Comércio EUA-UE, Susan Danger, também está pouco otimista sobre o futuro: "As relações comerciais não são boas, não estamos num bom momento. Mas se este encontro correr bem, poderemos avançar, novamente, numa direção mais positiva".

"Não há, ainda, um impacto significativo que obrigue a grandes mudanças. Essas mudanças seriam dolorosas. Mas estamos, extremamente, preocupados com a ameaça de tarifas no setor automóvel. Isso teria impactos enormes e já estamos a senti-los, ainda antes das tarifas serem aprovadas", acrescentou.

A União Europeia quer conter a guerra comercial, mas não deixará de contra-atacar em caso de novo golpe.

Aquando das tarifas sobre os metais, Bruxelas impôs tarifas a vários produtos norte-americanos muito populares, como as motocicletas e o bourbon.

Por isso, Susan Danger deixa o seguinte conselho a Donald Trump: "Somos aliados há 70 anos. Precisamos uns dos outros. Somos economias fortes. E tudo corre bem nos EUA quando corre bem na Europa".

Se o diálogo político não funcionar, as partes terão de resolver os litígios através da Organização Mundial do Comércio, o que poderá causar ainda mais atritos e perdas económicas.

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