As causas e consequências do calor e da seca.
As temperaturas escaldantes da Europa este verão transformaram pastagens verdejantes em enormes extensões de solo inóspito numa questão de semanas.
A seca, especialmente nas partes norte e central do continente, teve um impacto devastador para o setor agrícola.
Jean-Pascal van Ypersele, um dos maiores especialistas mundiais em alterações climáticas, explicou as causas e consequências do calor e da seca a Bryan Carter, da Euronews.
A onda de calor e a seca que se verificam através da Europa são consequência da alteração climática do planeta?
"São efeitos certamente intensificados pela alteração climática e, infelizmente, vão tornar-se cada vez mais frequentes devido ao aquecimento global causado pela emissão de gases de efeito de estufa."
A União Europeia e os estados-membros estão a fazer o suficiente para combater a alteração climática?
"Ainda não. Os planos da União Europeia para a alteração climática foram preparados antes da Conferência das Nações Unidas para a Alteração Climática realizada em Paris em 2015 e, três anos mais tarde, ainda não foram atualizados, o que é lamentável."
"Estes planos não estão em consonância com o grau de ambição e o objetivo do acordo de Paris, que é o de manter o aumento da temperatura média global abaixo de 1,5°C ou pelo menos de 2°C, acima do nível pré-industrial. Por isso a Europa tem que fazer mais."
Um novo relatório afirma que o clima global está prestes a atingir um ponto perigoso de inflexão para a adaptação estável do planeta e que esses dois graus poderão acabar por ser 4 ou mesmo 5 graus. Pensa que é demasiado tarde?
"Não é demasiado tarde para evitar o pior mas é demasiado tarde para evitar os efeitos que já estamos a viver no presente. Estes estão a tornar-se aparentes e tornam claro que o nível de ação contra a alteração climática tem que ser intensificado. Temos que proceder à descarbonização completa da economia mundial, de toda a atividade humana em todos os setores para eliminar os combustíveis fósseis o mais depressa possível. E isso requere vontade política, que de momento não existe."