Juncker responsabilizou o Reino Unido por tornar mais visível a fronteira na Irlanda do Norte.
Há meses que a questão da fronteira irlandesa persegue a primeira-ministra britânica.
Para lá do mar, em Dublim, o sentimento hoje é de contentamento pelo facto de Jean-Claude Juncker ter colocado a questão no centro do seu derradeiro discurso sobre o Estado da União.
O presidente da comissão europeia mostrou-se solidário com a Irlanda e frisou que a fronteira tem que permanecer intocada, tal como vem defendendo através do processo de negociações para o brexit.
O primeiro-ministro irlandês Leo Varadkar tem sido inabalável na sua defesa do status quo na fronteira, que é fundamental para a economia irlandesa.
Por outro lado, a Irlanda do Norte expressou preocupação com o facto de, apesar de o brexit estar na sua recta final, a questão da fronteira não estar ainda resolvida.
Em Londres, a pressão sobre Theresa May para uma solução continua, pois a fronteira da Irlanda será a única fronteira por terra do Reino Unido com a União Europeia quando o brexit estiver concluído.
A questão da fronteira irlandesa tem também complicado a estratégia do European Research Group, facção eurocéptica do partido conservador, que era suposto divulgar hoje os seus contra-planos aos planos de Chequers para o brexit mas não o fez por não conseguir finalizar uma proposta para a fronteira da Irlanda do Norte.
Jean-Claude Juncker responsabilizou o Reino Unido por tornar mais visível a fronteira na Irlanda do Norte devido à aliança do governo de Theresa May com o Partido Unionista Democrático (DUP), que se opõe a qualquer fronteira física ou quaisquer alterações ao Acordo de Sexta-feira Santa, responsável por duas décadas de paz, e defende a permanência do status quo na fronteira.
Existe receio que o processo de brexit e a questão da fronteira possam reacender ideologias de conflito e que o governo britânico não esteja a considerar sériamente todas as implicações da dita fronteira.