Motoristas contratados em Luanda para escapar à polícia

Controlos policiais à saída da ilha de Luanda gera novo negócio
Controlos policiais à saída da ilha de Luanda gera novo negócio Direitos de autor Fabio Vanin/ Arquivo
Direitos de autor Fabio Vanin/ Arquivo
De  Francisco MarquesLusa
Partilhe esta notíciaComentários
Partilhe esta notíciaClose Button

Automobolistas estão a pagar para contornar controlos de combate à condução sob efeito de álcool, no regresso dos estabelecimentos de diversão

PUBLICIDADE

O combate à condução sob efeito de álcool, realizado no último ano pela polícia angolana, abriu as portas a um novo negócio em Luanda: contratar um motorista para conduzir o carro apenas no perímetro controlado pelas autoridades.

A informação foi avançada pela Unidade de Trânsito de Luanda e pela Brigada Especial de Trânsito (BET), que já "apanharam", só este ano, 2.300 automobilistas a conduzir sob efeito de álcool.

Segundo as duas instituições, a maioria dos automobilistas "apanhados" pela polícia apresentou uma taxa de álcool de 1,2 gramas por litro, tendo-lhes sido aplicadas multas entre 150 mil a 200 mil kwanzas (429 euros a 572 euros).

No entanto, segundo as duas instituições, para se desviarem da operação policial, os automobilistas estão a contratar, por um valor que varia entre os 1.000 e os 2.000 kwanzas (de 2,8 a 5,7 euros), motoristas para conduzirem as viaturas do interior da Ilha de Luanda - principal ponto de diversão noturna da capital angolana - para o centro de Luanda, onde geralmente são montados os postos de controlo da polícia de trânsito.

A mesma fonte explicou que outra maneira encontrada de evitarem o controlo é estacionarem a viatura antes da brigada de trânsito, solicitando, depois, o serviço de um taxista, procedimento igual para o regresso até ao local onde se encontra estacionado o carro.

A polícia já se manifestou preocupada com o facto, considerando que a atitude dos cidadãos que optam por essa prática é "irresponsável", uma vez que acabam, depois, por conduzir os carros sob o efeito de bebidas alcoólicas no regresso a casa.

Os acidentes de viação são a segunda causa de morte em Angola, depois da malária, sendo a condução sob efeito de álcool, o excesso de velocidade, a falta de iluminação e o desrespeito às regras de trânsito apontadas como as principais causas da sinistralidade rodoviária no país.

Em junho, restaurantes, discotecas e bares da Ilha do Cabo, em Luanda , queixavam-se da perda de clientes por causa das "operações stop" realizadas pela Unidade de Trânsito do Comando Provincial de Luanda da Polícia Nacional, em especial aos fins de semana.

As operações de controlo e combate à conduçao sob o efeito de álcool são efetuadas junto aos acessos da ilha. Ao Novo Jornal Online, o gerente do restaurante Infinitus, na ilha de Luanda, contou na altura ter criado a alterantiva que agora a polícia acusa ter-se tornado "irresponsável."

"Os bares e restaurantes já não faturam à noite. Fui obrigado a criar uma estratégia para que os clientes possam estar à vontade. Uma delas foi arranjar alguém que transporte os que estão sob efeito de álcool para os seus destinos", explicava em junho o gerente Nelson Barros.

Os valores das multas em Angola para condução sob efeito de álcool variam entre os 11.000 e os 60.000 kwanzas (de 31 a 170 euros) quando o pagamento é efetuado na Unidade de Trânsito. Quando o valor de álcool no sangue se situe entre 0,8 grama e 2,2 gramas, as multas são aplicadas em tribunal e podem atingir os 200 mil kwanzas (570 euros), e a pena de prisão pode ir dos três aos seis meses, com apreensão da carta de condução.

Outras fontes • Jornal de Angola, Novo Jornal Online

Partilhe esta notíciaComentários

Notícias relacionadas

Dezenas de congoleses mortos em ação de repressão ligada a diamantes

António Costa em Luanda para recuperar "relação de irmãos"

Malária mata 25 pessoas por dia em Angola