Itália e França concordam com a pacificação do país, mas no terreno apoiam fações diferentes, consoante os seus interesses económicos.
Nos acordos de Skhirat, assinados em dezembro de 2015, em Marrocos, a comunidade internacional deu um voto de confiança ao governo de Fayez al Sarraj para que colocasse o país no caminho da pacificação.
Mas com tantos interesses de diversos países, não se fala a uma só voz.
Itália e França, por exemplo, concordam em vários temas, mas no terreno as suas políticas são bem diferentes.
Roma apoia o Governo de Al Sarraj, reconhecido pelas Nações Unidas, só que o seu principal foco é económico.
Tem interesses energéticos e bastantes negócios com Tripoli, sobretudo através do porto de Misrata.
Já a França apoia o general Khalifa Haftar, comandante do Exército Nacional da Líbia.
Quer garantir a segurança na zona dos seus poços de petróleo, em Sirte Basin, que ficam na região leste do país, área controlada pelo general.
Em maio, o Presidente francês juntou os dois líderes numa conferência, em Paris, e convenceu as duas fações a realizarem eleições em dezembro, mas o compromisso tornou-se letra morta.
Há também outro ator internacional em cena, a Rússia.
Nos últimos três anos, Moscovo reforçou os laços diplomáticos com a Líbia, sobretudo a aliança com o general Haftar, que foi treinado na antiga União Soviética e fala russo.
Ainda assim, o Kremlin parece ter uma abordagem mais pragmática e tratar todas fações por igual. Se por um lado promete apoio político e militar a Haftar, na região leste, por outro assina acordos de petróleo e discute oportunidades de negócio com o governo de Tripoli.
Em relação aos países árabes, muitos têm também interesse nas riquezas líbias, mas de acordo com alguns analistas, o vizinho Egito vê com bons olhos o controlo da região leste pelo general Haftar, já que cria uma zona tampão que evita que tenha fundamentalistas islâmicos junto à fronteira.