O Brexit na fronteira com o País de Gales

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De  Euronews
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O País de Gales votou por uma margem pequena para o Reino Unido sair da União Europeia. Dois anos depois do referendo, a população continua dividida.

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Nos últimos dois anos, o Brexit tem estado no centro das políticas europeias. Para pessoas de fora do Reino Unido, tudo parece bastante confuso, desorganizado, quase como um erro. Mas será que os britânicos sentem o mesmo? Na fronteira entre Inglaterra e o País de Gales, os locais fizeram-se ouvir sobre o que realmente pensam relativamente ao Brexit.

Chester, às portas do País de Gales

Esta é uma cidade com cerca de 100 mil pessoas, muito perto da fronteira com o País de Gales. Em 2016, votaram para deixar a União Europeia, mas por uma margem muito pequena. Apenas 50,7% das pessoas votaram para sair.

Westminster pode não andar em celebrações, mas isso não esmoreceu os ânimos no tradicional mercado de Natal de Chester. Jacky tem aqui uma banca. Há dois anos, votou para sair e ainda acredita com toda a convicção que foi a escolha certa. "Não gosto de política, não gosto que pessoas que não foram eleitas nos digam o que podemos ou que não podemos fazer, com quem podemos negociar, ou não. Estamos apenas a dar-lhes dinheiro e mais dinheiro e não me parece que estejamos a receber pelo que pagamos", conta-nos.

O vendedor ao lado da banca de Jacky também não se arrepende de ter votado pelo Brexit. Acredita que vai permitir um crescimento da economia, mesmo contra todas as indicações do Banco de Inglaterra. "Isso é só para assustar", afirma.

Aqui poucos se preocupam com as movimentações em Westminster, acreditam que o Reino Unido vai ficar melhor depois de sair da União Europeia.

Num pequeno ginásio local, várias mulheres dançam em linha. O passatempo pode parecer pouco entusiasmante, mas as participantes ficam contentes por partilhar em que votaram no referendo para o Brexit.Também aqui, quem votou a favor não se arrependeu.

São as gerações mais jovens, como a da instrutora de natação Charlotte, que estão mais preocupadas com o futuro.

"As taxas de importação não vão ser muito boas. As taxas de desemprego vão disparar. As relações comerciais não vão acontecer. E isso não trará nada de bom, para além de sermos um país isolado", lamenta Charlotte.

País de Gales

O País de Gales, tal como Inglaterra, votou para deixar a União Europeia. À medida que a noite chega, discordar sobre o Brexit à volta de uma cerveja passou a ser um passatempo nacional dos dois lados da fronteira.

"A grande questão foi a imigração. Não que eu seja anti-imigrantes ou parecido, mas achei que eram demasiados. Estava a baixar-nos salários e a tornar as pessoas neste país mais pobres. Por isso, acreditei no Brexit. E agora, Theresa May tem este acordo e ficou a meio caminho", diz um dos presentes.

O amigo retorque: "Agora as pessoas começam a pensar: "Espera aí!... O que é que nos disseram? A Saúde ia ganhar 300 milhões por semana. Tretas! Nunca aconteceu. Nunca aconteceu, não vai acontecer".

Os pró-Brexit à mesa parecem agora aceitar que vai haver um impacto económico no imediato. Mas continuam a acreditar que, a longo prazo, o Brexit ainda é a decisão certa. "Uma vez fora, nos próximos dois anos, vai ser muito difícil, mas depois acho que nos vamos recompor e seguir exatamente como fazíamos antes de entrarmos para a União Europeia", afirma o primeiro.

Eleitores pró e contra o Brexit não conseguiram chegar a grande consenso, nestes dois anos após o referendo. Exceto pelo sentimento de que o acordo alcançado não é o que queriam.

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