Educação militar renasce na era Bolsonaro

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De  Ricardo Borges de Carvalho
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Quatro escolas da região de Brasília, do primeiro ciclo ao secundário, participam no projeto piloto lançado pelo governo do Presidente Jair Bolsonaro. Se tiver bons resultados, modelo deve alargar-se a 40 escolas

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Neste primeiro dia de aulas do centro educacional 7, de Ceilândia, os alunos ficaram a conhecer as regras com que a partir de agora vão estar na escola.

Entram nas salas em fila, cumprem horários, têm de usar farda, e tal como no Exército, o cabelo das raparigas é para ser usado apanhado e o dos rapazes, curto.

Quatro escolas da região de Brasília, do primeiro ciclo ao secundário, participam neste projeto-piloto lançado pelo governo do Presidente Jair Bolsonaro. Se tiver bons resultados, a ideia deve alargar-se para cerca de 40 escolas.

Além das disciplinas curriculares habituais, os alunos vão ter aulas de música e de educação moral e cívica dada por militares ou polícias militares:

"Nós estamos querendo realmente empoderá-los, resgatar os valores, resgatar a autoridade tão perdida dos professores. Nós chegamos para ser colaboradores e não usurpadores", afirma o Capitão Newton de Araújo Vale, um dos envolvidos no projeto.

Os militares assumem a responsabilidade das tarefas administrativas e de disciplina, enquanto os professores ficam com a gestão do programa pedagógico. Um modelo imposto que não foi consensual entre os educadores:

"O que me preocupou muito nessa militarização da escola foi a fala do nosso diretor disciplinar, quando ele diz que as pessoas que não se adaptarem podem sair. Para um educador ouvir a palavra "se você não se adaptar pode sair", é dolorido", adianta a professora Carla Alcântara Souza.

O projeto-piloto permite ainda aos pais terem acesso ao que os alunos fizeram durante o dia de aulas através de uma aplicação de telemóvel. Os estudantes estão divididos:

"Eu já fiz um projeto de militarização e realmente é muito bom, as pessoas ficam mais disciplinadas e aprendem a viver melhor na sociedade", explica um aluno, Lucas Monteiro.

Já outra estudante, Maria Eduarda Lacerda, diz: "Tenho medo porque afetaria a nossa liberdade de expressão."

As quatro escolas do projeto-piloto foram escolhidas devido ao baixo nível de desenvolvimento humano e à elevada taxa de criminalidade das zonas onde estão. O governo brasileiro diz que noutras regiões com escolas de modelo semelhante se verificou uma melhoria dos indicadores de aprendizagem dos alunos e uma diminuição da criminalidade.

Editor de vídeo • Ricardo Borges de Carvalho

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