Os preços das rendas de casa estão fortemente inflacionados na capital alemã. Ativistas lutam contra o fenómeno e avançam com proposta de referendo.
Foi a seguir ao Natal que Niklas Brubach recebeu a carta que muitos temem em Berlim. Uma notificação de que o prédio vai sofrer obras de renovação, o que significa que o preço das rendas vai triplicar.
"No princípio nem estava a acreditar que fosse verdade. Voltei a ler para ter a certeza. Depois enviei uma mensagem ao meu colega de apartamento dizendo apenas: "Aconteceu", conta.
Um antigo presidente da câmara dizia que Berlim era "pobre, mas sexy". Mas, à medida que a cidade cresce financeiramente, as rendas sobem entre 5 e 9% todos os anos, As casas a preços acessíveis, que eram comuns em Berlim, tornaram-se raras.
"Procurámos outras coisas, mas não há nada mais barato. Penso que vou ter de me mudar para o sofá de algum amigo", desabafa Niklas.
Os ativistas voltaram a lutar contra o aumento das rendas. Rousbeh Taheri elaborou uma proposta que poderá ser submetida a referendo. Visa forçar as imobiliárias a venderem de novo os apartamentos à cidade de Berlim.
"Tem a ver com expropriação. É algo previsto na constituição alemã. Muitos destes apartamentos foram já propriedade da autarquia. Por isso, só queremos as nossas casas de volta", explica.
Alguns classificam a propsta de "experiência socialista" e, sem surpresa, os construtores não gostam dela. Dizem que a única maneira de baixar as rendas é construindo cada vez mais.
A presidente da associação das imobiliárias, Maren Kern, contesta a proposta: "Nós opomo-nos a isso. Porque isso não vai aumentar as construções de apartamentos em Berlim, que são a melhor maneira de criar mais espaço de habitação na cidade".
O repórter da Euronews, Jona Kallgren, comenta: “Berlim vai, portanto, avançar como qualquer outra grande cidade europeia onde, um espaço como este, por exemplo, é simplesmente demasiado caro para a maioria das pessoas. Os ativistas dizem que vão fazer tudo para evitar que isso aconteça".