Capital portuguesa eleita o destino preferencial do investimento imobiliário privado, enquanto na Alemanha se apela ao Governo Federal para limitar as rendas a valores acessíveis aos residentes
Lisboa, Porto, Madrid, Barcelona, Berlim. O problema da especulação imobiliária é transversal nas grandes cidades europeias e continua a agravar-se.
Perante a incerteza que assola o comércio internacional, devido ao "brexit" e à "guerra das tarifas", os investidores estão a apostar cada vez mais no mercado imobiliário e a capital portuguesa foi eleita na última atualização do relatório "Emerging Trends in Real Estate" (em tradução livre: "Tendências Emergentes no Mercado Imobiliário") como o destino preferencial dos investidores imobiliários.
O relatório é publicado anualmente numa parceria entre o Urban Land Institute (ULI) e a PriceWaterhouseCoopers (PwC). "Lisboa subiu 10 lugares para assumir o número um", sublinha o estudo que avalia entrevistas a 800 profissionais do setor do investimento imobiliário, bancos e construtoras.
A capital portuguesa, com um retorno esperado acima da média e um grande potencial de crescimento no setor imobiliário, deixa no segundo lugar Berlim, uma das cidades alemãs onde este sábado decorreram manifestações contra a especulação mobiliária.
No top-10 das cidades como melhor potencial de investimento encontramos ainda mais três cidades germânicas: Frankfurt (5.°), Hamburgo (7.°) e Munique (10.°).
Na capital germânica, a manifestação deste sábado decorreu sob o lema "Expropriar a Deutsche Wohnen", numa referência à empresa líder no mercado imobiliário berlinense, a qual acusam de deixar as habitações degradarem-se para depois as modernizarem e reavaliarem os alugueres para valores mais altos.
Thomas McGath, representante da campanha "Expropriar a Deutsche Wohnen", defende que, "no ano passado, Berlim sofreu o pior agravamento do mundo no valor das casas: cerca de 20 por cento."
Malis Raimund, uma residente em Berlim, diz ter participado nesta manifestação para "combater o enorme lucro dos abutres e evitar os constantes aumentos das rendas."
Outro residente na capital germânica, Jonni Wiertz conta ter deixado a casa onde vivia no ano passado e ter sofrido o processo de especulação apontado à Deutsche Wohnen.
"O meu nome ficou na campainha da porta por seis meses. Depois, o prédio foi restaurado e agora a renda é de 630 euros mensais. É cerca de três vezes mais do que pagava antes", reclama.
Os berlinenses exigem ao governo federal a retirada às empresas imobiliárias privados quase 250 mil apartamentos avaliados em milhares de milhões de euros e que imponha tetos mais baixos e acessíveis às rendas cobradas.