Agricultores belgas criticam acordo com Mercosul

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Uma frota "simbólica" de sete tratores estacionou em Bruxelas, quinta-feira, para pedir ao governo belga e ao Parlamento Europeu que não ratifiquem o acordo de livre comércio União Europeia (UE)-Mercosul.

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Uma frota "simbólica" de sete tratores estacionou em Bruxelas, quinta-feira, para pedir ao governo belga e ao Parlamento Europeu que não ratifiquem o acordo de livre comércio União Europeia (UE)-Mercosul.

Agricultores irlandeses e franceses fizeram protestos semelhantes contra importações mais altas da América do Sul, nomeadamente de carne bovina, em particular nas vésperas do Brexit.

"O Brexit terá uma influência muito forte no setor de carne bovina, porque a Irlanda é um grande produtor europeu. Para onde vai essa carne? Para o Reino Unido ou fica a inundar o mercado europeu?", questiona Yves Vandervoorde, membro da FUGEA, um sindicato agrícola e movimento camponês.

A ratificação do pacto inclui os 28 países da UE e quatro do Mercosul (Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai).

Europeus também vão exportar mais produtos agrícolas

A Euronews falou, no início da semana, com o embaixador do Brasil para a UE, que considera o acordo benéfico para ambos os blocos, em muitos setores.

"Há ganhos para a indústria e para a agricultura de ambos os blocos. Posso dar um exemplo: o setor vitivinícola europeu vai ganhar muito porque o Brasil e os demais países do Mercosul vão abrir os seus mercados para os vinhos", explicou o embaixador Marcos Galvão.

Mas a ratificação também tem de passar pelo Parlamento Europeu, com os grupos dos Verdes e a Esquerda europeia muito céticos.

"Quando olhamos para os padrões de produção de carne bovina nos países do Mercosul, vemos que não são como os nossos. Quando olhamos para o impacto no clima - porque se trata de transportar 99 mil toneladas de carne bovina para a Europa - vemos que, ambientalmente e socialmente é um acordo desastroso", disse Marc Botenga, eurodeputado belga da esquerda radical.

O processo de ratificação poderá demorar mais de três anos segundo Carlos Malamud, investigador do Real Instituto Elcano. "Há que prestar atenção ao ruído que podem provocar os setores mais afetados pelo tratado, tanto empresariais nos países do Mercosul como os sindicatos agrícolas e de criação de gado na Europa".

As negociações foram fechadas a 28 de junho, exatamente 20 anos depois de se terem iniciado. O acordo abrange 780 milhões de consumidores e a Comissão Europeia alega que vai permitir poupar quatro mil milhões de euros em tarifas aduaneiras, por ano, para as empresas europeias.

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