FED corta taxas de juro... mas mercados e Trump queriam mais

A Reserva Federal (Fed) americana, o banco central dos Estados Unidos, anunciou na noite de quarta-feira um corte de um quarto de ponto percentual nas taxas de juro, a primeira descida desde 2008.
A medida foi tomada em resposta à debilidade económica global e à baixa inflação nos EUA e colocou agora as taxas entre 2% e 2,25% (antes estavam entre 2,25% e 2,50%).
Sob o objetivo de dar um novo estímulo à economia americana, na qual o crescimento está a abrandar, o presidente do organismo, Jay Powell, inverteu o ciclo de quatro subidas registado em 2018. No entanto, o líder da Fed afastou a ideia de um ciclo longo de descida das taxas de juro, o que acabou por desagradar aos mercados.
Wall Street acabou por fechar em baixa, com os índices Dow Jones e Nasdaq a desvalorizarem ambos mais de um por cento: 1,23%, para os 26.864,27 pontos, e 1,19%, para os 8.175,42, respetivamente.
Até os mercados asiáticos abriram a sessão de quinta-feira em baixa, na linha do que tinha acontecido em Wall Street.
Após a pressão nas últimas semanas em defesa de uma descida das taxas de juro, Donald Trump mostrou-se ainda assim frustrado com o anúncio.
O presidente americano reagiu ao anúncio na rede social Twitter, confessando que esperava o arranque de um ciclo longo de cortes por parte da Fed e lamentou a falta de ajuda do banco central na dinamização da economia.
O corte nas taxas foi decidido com oito votos a favor e dois contra, os de Eric Rosengren, presidente da Fed de Boston, e de Esther George, da Fed de Kansas City.
Os dados macroeconómicos mais recentes apontam para uma desaceleração da economia dos Estados Unidos da América, bem como das da Europa e da China.
A economia norte-americana desacelerou no segundo trimestre, segundo o primeiro cálculo oficial, a um ritmo anual de 2,1%, contra 3,1% no trimestre anterior. A inflação homóloga desceu duas décimas em junho, para 1,6%, mantendo-se mais uma vez abaixo do objetivo anual da Fed, fixado nos 2%.
A próxima reunião do banco central americano está prevista para 17 e 18 de setembro.