3600 mulheres foram ao estádio Azadi ver um jogo da seleção iraniana. Elas acreditam que foi a pressão da FIFA que fez mudar a opinião de Teerão.
Estes são os rostos felizes e animados das meninas e mulheres iranianas que vieram ao Estádio Azadi pela primeira vez nas últimas quatro décadas, com bilhetes oficiais, para assistirem ao jogo das eliminatórias para o Campeonato do Mundo, entre o Irão e o Cambodja.
"Estamos tão felizes e entusiasmadas porque não conseguíamos ver este retângulo verde há séculos", diz uma mulher, à porta do estádio.
A Federação Iraniana de Futebol atribuiu apenas 3600 lugares, dos 74 mil do estádio, às mulheres. Foram vendidos em poucas horas e não foram suficientes.
"Acho que isto é discriminação. Deveriam ter atribuído mais lugares às mulheres, mesmo que alguns ficassem livres", critica uma das que conseguiram um bilhete para o jogo.
"Aconteceram muitas coisas más; algumas raparigas vieram aqui e foram presas e, recentemente, Sahar Khodayari incendiou-se, lamenta outra.
Até agora, muitas mulheres tentavam entrar nos estádios disfarçadas de homens, mas nem sempre eram bem-sucedidas, como foi o caso de Sahar Khodayari, que acabou por se incendiar a si própria, com receio de ser presa por ter tentado entrar num estádio.
As mulheres iranianas acreditam que foi uma ameaça de banir o Irão da competição internacional pela entidade máxima do futebol mundial, a FIFA, que fez com que o país decidisse abrir-lhes as portas dos estádios. Mas as autoridades iranianas insistem que a decisão foi tomada com base nas exigências das mulheres e não na pressão externa.
Ali Rabi’ei, porta-voz do governo iraniano, afirma: "Infelizmente, algumas pessoas querem relacionar isto com decisões externas. O assunto tinha sido discutido previamente nas reuniões do governo. Alguns líderes religiosos e civis tinham receio e nós quisemos tranquilizá-los fazendo isto.
Neste jogo, a seleção iraniana derrotou o Cambodja por 14 a 0; uma vitória que foi quase um hino à conquista do objetivo das mulheres de poderem assistir a um jogo no estádio como os adeptos masculinos.
"A presença feminina no estádio hoje aconteceu depois de 40 anos de luta dura das mulheres e pode ser considerada como um prenúncio de mudanças positivas para os seus direitos no futuro. Mas isso é algo que só o tempo poderá dizer", conclui o repórter da Euronews em Teerão, Hamidreza Homayounifar.