"Na Ucrânia, Europa significa vida sem corrupção", disse Andrei Kurkov

"Na Ucrânia, Europa significa vida sem corrupção", disse Andrei Kurkov
De  Isabel Marques da SilvaAna LAZARO
Partilhe esta notíciaComentários
Partilhe esta notíciaClose Button
Copiar/colar o link embed do vídeo:Copy to clipboardCopied

O escritor Andrei Kurkov tem revelado as muitas facetas da Ucrânia, um país que continua em crise. Em entrevista à euronews, em Bruxelas, o autor falou dos desafios do país e do papel do Presidente, Volodymyr Zelensky, nos esforços para manter a proximidade com a União Europeia.

PUBLICIDADE

O escritor Andrei Kurkov tem revelado as muitas facetas da Ucrânia, um país que continua em crise. Em entrevista à euronews, em Bruxelas, o autor falou dos desafios do país e do papel do Presidente, Volodymyr Zelensky, nos esforços para manter a proximidade com a União Europeia.

Ana Lazaro: Gostaria de começar a nossa conversa falando de um dos seus livros mais recentes: "Vilnius, Paris, Londres", que conta a história de três casais que querem deixar a Lituânia para tentar a sua sorte na Europa Ocidental. O que representa a União Europeia para os países que viveram sob o regime da União Soviética?

Andrei Kurkov: Na Ucrânia, na verdade, a palavra Europa significa vida sem corrupção, com garantias a nível social, um bom sistema de saúde, bons salários e respeito pelo Estado de direito. Talvez o Estado de direito seja o principal valor. As pessoas consideram que a Ucrânia se tornará um país estável quando passar a respeitar o Estado de direito.

Ana Lazaro: Noutro livro, intitulado "O último amor do Presidente", nada predispõe o personagem principal para ser Presidente da Ucrânia. Agora a Ucrânia tem um Presidente que era um ator. Teve uma espécie de premonição?

REUTERS/Gleb Garanich

Andrei Kurkov: "Penso que há uma tendência em todo o mundo de aproximação da política ao setor do espetáculo. Por exemplo, parece que Boris Johnson, por vezes, se esquece de que é um político. Parece mais um ator a representar o papel de um político. O mesmo com o Presidente Trump. É estranho, mas parece que é sinal de sucesso uma pessoa do entretenimento subir ao mundo da política. Mas há um risco para a Ucrânia, porque o Presidente não tem experiência como político e levou para o Parlamento pessoas sem experiência política. Temos esperança que essas pessoas se mantenham honestas e estejam disponíveis para aprender o máximo possível e se tornarem, rapidamente, bons políticos. "

Ana Lazaro: Disse uma vez que a Ucrânia é como um pêndulo que oscila entre o leste e o oeste. Pensa que o Presidente Zelensky pode ficar tentado a olhar para a Rússia?

Andrei Kurkov: "Não, ele não faria isso. Mas ainda não revelou o seu programa de forma concreta. Tentamos perceber a sua direção política com base nas suas declarações ou nas declarações dos seus colaboradores. A julgar por essas declarações, estamos a caminhar na direção da Europa. Mas obviamente que a velocidade desse movimento pode vir a ser reduzida politicamente "

Ana Lazaro: Apoiou a revolução Maidan e escreveu sobre isso no livro "Diários da Ucrânia". Desde então, o país vive em guerra e perdeu parte de seu território. Pensa que valeu a pena?

Andrei Kurkov: "Acho que a escolha foi entre perder a independência e entrar em guerra com a Rússia. A Rússia nunca deixaria a Ucrânia distanciar-se, livremente, do passado soviético para poder ter um futuro europeu. Era previsível. Se não fosse a revolução Maidan, penso que a situação da Bielorrúsia seria replicada, atualmente, na Ucrânia. Putin teria ficado muito feliz em criar um estado que juntaria a Bielorrússia, a Ucrânia e a Federação Russa. Logo, valeu a pena".

Partilhe esta notíciaComentários

Notícias relacionadas

Putin e Zelensky juntos em Paris

Ucrânia e Rússia trocam prisioneiros

Sondagem: Apoio dos cidadãos europeus à Ucrânia continua elevado