Independentistas e extrema direita envolvem-se em confrontos nas ruas, enquanto situação política se agrava no parlamento da Catalunha.
Pela quarta noite seguida, as chamas e a destruição voltaram a agitar a Catalunha. A cidade de Barcelona foi uma vez mais o epicentro dos protestos contra a condenação de 12 dirigentes independentistas catalães.
A manifestação começou por ser pacífica, mas a tensão degenerou em violência com o confronto entre independentistas e grupos de extrema direita que exibiam a bandeira de Espanha e gritavam "eu sou espanhol".
A polícia catalã acabou por deter pelo menos 11 pessoas e várias carrinhas dos Mossos D'Esquadra circularam durante a noite para evitar novos focos de violência. Nove pessoas ficaram feridas e foram incendiados caixotes do lixo e lojas. Registaram-se ainda pilhagens em diversos pontos da cidade.
Apesar da escalada da tensão na região, o governo espanhol considera que estes confrontos não são razão para assumir o controlo da polícia catalã, como exigem os partidos de direita.
No entanto, o executivo liderado pelo socialista Pedro Sanchez faz duras críticas ao presidente do governo regional catalão, Quim Torra, por não condenar de forma inequívoca a violência dos últimos dias.
Para o ministro espanhol do Interior, Fernando Marlaska, "é importante relembrar a Quim Torra que ele tem de decidir de uma vez por todas se é o presidente de todos os catalães e o mais alto representante do Estado na região ou se quer ser um ativista político".
O governo da Catalunha desvalorizou a dimensão dos confrontos e atribuiu a responsabilidade pelas cenas de violência a "infiltrados" nos protestos.
No parlamento catalão a tensão está também a subir, depois de Quim Torra ter anunciado na quinta-feira a proposta de convocação de um novo referendo. A decisão, transmitida numa entrevista pela televisão, parece deixar o líder catalão isolado, pois a oposição e até os aliados rejeitam nova consulta.
Quim Torra afirmou que "haverá uma resolução para tentar perceber como alcançar o direito de autodeterminação da Catalunha no menor tempo possível". O presidente do executivo regional revelou então que vai avançar com uma "proposta e que esta estará aberta ao debate entre partidos políticos, entidades civis e comunidade internacional."
Para esta sexta-feira adivinha-se um novo dia de agitação na Catalunha. A região é alvo de uma greve geral que vai deixar transportes públicos, universidades, instituições e serviços públicos encerrados ou em serviços mínimos.
A paralisação foi convocada por sindicatos ligados ao movimento independentista, em protesto contra a condenação do Supremo Tribunal espanhol dos políticos ligados à tentativa de independência da Catalunha.