Em causa está uma campanha contra a oposição ao governo húngaro durante as autárquicas de outubro
Pouco a pouco, foi-se tornando notório: na campanha para as eleições autárquicas na Hungria, no passado mês de outubro, as mesmas palavras começaram a ser propagadas por órgãos de comunicação diferentes.
Isto é: os candidatos da oposição ao Fidesz, o partido no governo, liderado pelo primeiro-ministro Viktor Orbán, eram criticados e descritos exatamente da mesma maneira por plataformas diversas.
Uma análise conduzida pela Euronews e pela Mérték Media Monitor revelou que, na verdade, essa diversidade parece não existir.
Na prática, cerca de 80 % de todos os media na Hungria pertencem ao domínio estatal ou são pró-governo. Um dos exemplos é a Fundação Kesma, que detém o monopólio no setor da rádio e da imprensa, com mais de 500 meios de comunicação.
Um exame a cinco plataformas habitualmente favoráveis ao governo revelou 26 artigos com conteúdos idênticos, palavra por palavra. Entre elas encontravam-se jornais privados e o site da televisão estatal.
Na verdade, a luta pela Câmara de Budapeste deixou transparecer a mesma lógica. De um lado, István Tarlós, o candidato apoiado pelo Fidesz, do outro, Gergely Karácsony, o homem da oposição.
A mesma palavra - "incompetente" - foi utilizada centenas de vezes por órgãos diferentes - como os sites Origo e Hirado, este último público - para caraterizar Karácsony. Mesmo assim, venceu.
A análise feita pela Euronews incidiu nos 30 dias que antecederam o escrutínio.