É "tempo de agir": COP 25 começa em Espanha

"Tempo de Agir" é o mote da Conferência das Nações Unidas para as alterações climáticas que faz de Madrid a capital do ambiente até 13 de dezembro. É a 25ª conferência das partes e leva o acrónimo de COP 25 que promete dominar as conversas nos próximos dias.
A cimeira sobre o clima estava inicialmente prevista para o Chile, mas a instabilidade política em território chileno obrigou a alterar o local da conveção. A presidência da conferência mantêm-se com a ministra chilena do Ambiente, que tomou posse esta segunda-feira.
50 líderes mundiais - entre os quais o primeir-ministro português - marcam presença em Espanha, numa demonstração externa de empenho em políticas mais sustentáveis, mas são esperadas delegações de 196 países.
António Guterres, o secretário-geral da ONU já antecipou o que se pretende: um aumento da "vontade política" na resposta ao que a comunidade científica pede na luta contra as alterações climáticas.
Para o Guterres "durante muitos séculos a espécie humana esteve em guerra com o planeta e o planeta está agora a contra-atacar": "Temos de parar a nossa guerra contra a natureza e a ciência diz que podemos fazê-lo", sublinhou.
Objetivo: cumprir o Acordo de Paris
As contribuições dos países para o Fundo Verde Climático de assistência aos países em desenvolvimento e a criação de um mecanismo de compensação às nações que sofram danos por causa de fenómenos climáticos extremos são alguns dos compromissos a que praticamente todos os países do mundo aderiram, mas que demoram a ser cumpridos quatro anos depois da assinatura do Acordo de Paris.
A conferência acontece a praticamente um mês da entrada em vigor do Acordo de Paris, marcada para 2020, ano em que os países signatários devem apresentar medidas concretas para limitar o aumento da temperatura global e estabelecer novas metas para conter as suas emissões de carbono.
Uma das questões centrais e que poderá obrigar a maratonas negociais é a criação de um mercado global de licenças de emissões carbónicas, que não existe e que atualmente é uma manta regional fragmentada de venda e troca de licenças para poluir.
Do lado da ciência, o sentido de emergência é claro: os mais recentes relatórios do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas apontam um cenário já irreversível de subida da temperatura global, subida dos níveis dos oceanos e uma cascata de efeitos combinados que significam catástrofes ambientais nas próximas décadas.
Para cumprir o objetivo definido em Paris em 2015, de limitar o aumento da temperatura global face aos níveis pré-industriais até 2100, será necessária uma redução anual de 7,6% das emissões de dióxido de carbono, segundo os últimos dados das Nações Unidas.
Em 2020, a COP26 está prevista para Glasgow, na Escócia.
A par da COP25, organizações não governamentais e da sociedade civil promovem uma agenda paralela de atividades, nas quais pontua a presença da ativista sueca Greta Thunberg, o rosto de um movimento mundial protagonizado por muitos estudantes - em greves às aulas pelo clima - de contestação e exigência de respostas aos líderes mundiais.
A ativista sueca partiu em 13 de novembro do porto norte-americano Salt Ponds, no Estado de Virgínia, num catamarã, prevendo chegar a Lisboa, a caminho de Madrid, na terça-feira.
Oxfam alerta para o aumento de "desalojados" pelas alterações climáticas
Os desastres climáticos tornaram-se a principal causa da deslocação de pessoas em todo o mundo na última década e forçaram mais de 20 milhões por ano a deixarem as suas casas, alertou hoje a organização não governamental internacional Oxfam.
A organização apresentou esta segunda-feira o relatório com o título 'Obrigados a deixar as suas casas', coincidindo com a Conferência das Nações Unidas sobre o Clima.
O documento da Oxfam adverte que atualmente é "três vezes mais provável que alguém seja forçado a deixar a sua casa por ciclones, inundações ou incêndios florestais do que por conflitos, e até sete vezes mais do que por terremotos ou erupções vulcânicas".
Segundo a ONG, que analisou dados de 2008 a 2018, a Espanha é o terceiro país da Europa, depois da República Checa e da Grécia, com maior risco de a sua população ser forçada a deslocar-se por desastres provocados pelo clima.
O diretor executivo interino da Oxfam International, José María Vera, disse que são as "pessoas mais pobres, dos países mais pobres, que pagam o preço mais alto".