Greve nos transportes em França chega ao 26.° dia e já há quem admita ter deixado um trabalho por causa protes
A greve dos transportes em França cumpre 26 dias esta segunda-feira, véspera do discurso de Novo Ano do Presidente Emmanuel Macron.
Existe a perspetiva de ser alguma novidade. Até porque o que está em causa desta vez é a reforma do regime de pensões prometida pelo governo.
Há um ano, o discurso de Macron ficou muito marcado pelo protesto dos coletes amarelos contra um aumento nos combustíveis. Agora, deverão ser os transportes e a reforma das pensões a marcar o discurso de novo ano.
O braço de ferro mantém-se entre os sindicatos e o executivo de Emmanuel Macron desde o dia cinco de dezembro. A presente greve é já mais longa do que a de 1995.
Em entrevista à última edição do Journal du Diamanche, o secretário-geral da Confederação Geral do Trabalho, Philippe Martinez, responsabilizou o governo pela confusão gerada.
O governo respondeu no mesmo jornal. O secretário-geral dos Transportes, Jean-Baptiste Djebbari, acusou a CGT de praticar "um sindicalismo de bloqueio" e "intimidação" sobre uma parte dos ferroviários para que participem no protesto.
Não estão previstas novas negociações entre as partes até dia 07 de janeiro. Ao 26°. dia de greve, os transportes em França registam uma ligeira melhoria perante o cenário de domingo.
Ainda assim, esta segunda-feira a SNCF prevê apenas, em média, a circulação de um TGV a cada dois; quatro comboios regionais em cada dez; e um intercidades em cada quatro.
Em Paris, continuam fechadas duas linhas de metro e há já quem estranhe a resistência desta greve. Mesmo estrangeiros.
"Estou surpreendida que esteja a durar quase um mês. Julgo que é irritante para as pessoas que vivem aqui", afirmou à France Press, em inglês, Corina Kramer, uma turista holandesa utilizadora dos transportes parisienses.
A paralisação está também a ter consequências laborais. "Estou tão cansado desta greve que deixei o meu trabalho. Vou tentar procurar um trabalho mais perto da Gare do Norte", afirmou Pierre Cardon, um francês também entrevistado pela AFP, que reside em Creil e trabalhava no 15.°. bairro.
Questionado se tinha sido a greve a obrigá-lo a deixar o trabalho, Cardon disse que "teve peso" na decisão tomada.