10 anos depois do sismo "continua praticamente tudo em escombros"

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De  Euronews
10 anos depois do sismo "continua praticamente tudo em escombros"

A 12 de janeiro de 2010, o chão tremia no Haiti. O sismo que abalou o país, já de si o mais pobre da América Latina, fez mais de 200 mil mortos, 300 mil feridos e desalojou dois milhões de pessoas.

Dez anos depois, três quartos das casas danificadas continuam por recuperar, 80% da população vive abaixo do limiar da pobreza.

Quem está no terreno, lamenta que a ajuda internacional tenha deixado de chegar, enquanto o país vive em permanente estado de emergência.

Na capital, Porto Príncipe, o hospital pediátrico Saint Damien não tem braços a medir para responder às necessidades.

O padre Rick Frechette trabalha como médico na unidade hospitalar e revela que "desde a altura do terremoto e depois de muitas outras crises, como por exemplo, a cólera, três furacões, instabilidade política nos últimos dezoito meses, este é o único hospital infantil em todo o país e o país precisa de mais hospitais infantis e não apenas um".

Há 30 anos a trabalhar em zonas afetadas por tragédias, lamenta a falta de resposta do país, no campo da saúde. "Temos cada vez mais solicitações, porque há cada vez menos serviços. Procuram-nos por tudo, crianças com cancro, gravidezes de alto risco, traumas".

A responsabilidade, dizem, também é da comunicação social, que deixou de dar atenção ao país.

O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, lembrou, este domingo as vidas perdidas, na sequência do terramoto, em particular as dos colegas da ONU.

Numa década, pouco mudou no Haiti. Depois do sismo, veio a cólera.

A ajuda chega de instituições como a Fundação Rava, responsável pela criação de 35 escolas e 250 pequenas casas nos bairros de lata. No entanto, quase tudo continua por fazer.

Maria Vittoria Rava, da fundação, conta que "na maior avenida da capital continua praticamente tudo em escombros. A única infraestrutura reconstruida é o aeroporto. Os haitianos vivem numa amarga desilusão que os faz acreditar que, cada vez mais, têm de encontrar força em si mesmos É o que resta no Haiti: uma grande dignidade de levantar a cabeça e a força de quem sobreviveu a uma guerra e quer ajudar os mais novos a seguir em frente".