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Heróis nos hospitais, indesejados em casa

Heróis nos hospitais, indesejados em casa
Direitos de autor Manu Fernandez/Copyright 2020 The Associated Press. All rights reserved.
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De  Bruno SousaJaime Velásquez
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Heróis do setor da saúde nem sempre são bem-vindos no regresso a casa e ameaças dos vizinhos multiplicam-se

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Os aplausos à janela sucedem-se diariamente mas as aparências iludem. Por trás da fachada, o gesto está longe de ser unânime e a coberto do anonimato, multiplicam-se as cobardes ameaças que os trabalhadores do setor da saúde têm recebido por parte de alguns vizinhos. Mensagens onde lhes pedem simplesmente que vão embora para não espalhar doenças.

Elena Garbajosa é gerente de um lar de terceira idade, função que a coloca numa posição particularmente vulnerável. Antes de sair do trabalho despe a farda para se assegurar que não leva o vírus para casa. Para alguns vizinhos, não é suficiente.

Uma disse-lhe mesmo que tinha de desinfetar tudo aquilo em que tocasse, tudo aquilo em que pisasse. Quase tudo o que visse, acrescenta em tom de lamento Elena Garbajosa.

Uns dias depois, encontrou a porta de casa manchada com lixívia.

A gerente de lar admite que nunca imaginou que pudesse ter à sua porta uma pessoa capaz de ter uma atitude destas, mas sublinha que tenta ter uma atitude positiva e que a moral sobe novamente depois de ouvir os aplausos e os comentários positivos, acrescentando que as críticas e as atitudes negativas morrem aí.

Em alguns casos, a pressão sobre os trabalhadores do setor da saúde foi mais longe, como o caso de uma médica em Barcelona que viu o seu carro vandalizado.

Médicos, enfermeiros e trabalhadores dos serviços básicos sublinham que reforçaram as precauções para proteger familiares e vizinhos. Mas para muitos, o mais difícil é deixar fora de casa o stress causado pelas situações traumáticas que vivem.

Em Madrid, Monserrat Martínez trabalha como enfermeira numa unidade de cuidados intensivos. Recorda alguns momentos dolorosos, como o pico da pandemia que deixou os hospitais à beira do colapso. Alguns dos seus colegas precisaram de receber ajuda psicológica, ela preferiu apoiar-se na família:

"Claro que já chorei algumas vezes, ao sair do trabalho, ao chegar a casa... no meu caso, desabafo com a minha família. Tenho marido e filhos e notaram que trazia muita coisa para casa. Perguntam-me pelo meu dia e deixam-me falar. Ouvem o que eu digo, é uma bela maneira de desabafar."

Afinal de contas, os profissionais do setor da saúde estão conscientes que as vozes negativas são uma pequena minoria. Importa levantar a cabeça e continuar o bom trabalho.

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