De acordo com Margareth Dalcolmo, pneumologista e investigadora do instituto FIOCRUZ, a realidade vai tornar-se mais complexa devido à falta de capacidade dos centros de saúde para tratar os doentes mais graves.
A realidade da pandemia de coronavirus no Brasil está a transformar-se. Depois de atingir em força os grandes centros urbanos, o virus avança agora com mais consistência para o interior. Ou seja, o cenário pode agravar-se em termos de resposta às vítimas graves da peste moderna, explica Margareth Dalcolmo, pneumologista e investigadora do instituto FIOCRUZ.
"Hoje, a epidemia dirige-se, da mesma maneira, para o interior, o que cria uma grande dificuldade para o país. Porquê? Porque menos de 20% dos municipios têm condições reais para tratar doentes em estado grave e não temos uma logistica eficiente, como nos países europeus, com o norte de França e a Alemanha. Não temos a logistica de transporte de pacientes", explica Margareth Dalcolmo.
O país, com quase do tamanho da Europa, está com políticas de confinamento diversas e há mesmo cidades, como Belo Horizonte e Cuiabá, que recuaram no aliviar de restrições deixando apenas aberto o comercio de produtos essenciais.
"Estas cidades (onde o número de casos e vítimas aumenta e diminui) vão ter que se «abrir» e se «fechar». Por isso, essa oscilação vai acontecer como já acontece nalgumas cidades europeias", acrescenta Margareth Dalcolmo.
O Brasil soma cerca de 60 mil mortes associadas à Covid-19, perto de um milhão e meio de casos e quase 800 mil pessoas recuperadas.