Italianos divididos quanto ao auxílio a receber da UE

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Direitos de autor Tobias Schwarz/AFP or licensors
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De  Joao Duarte Ferreira
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Os italianos não querem um regresso aos planos de austeridade impostos após a crise financeira de 2008

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Itália poderá ser o maior beneficiário do fundo de recuperação europeu orçamentado em 750 mil milhões de euros.

No entanto, a forma como a aplicação dos fundos será supervisionada assim como a extensão da resposta à pandemia são os dois temas mais debatidos entre os estados-membros e também no parlamento italiano.

A julgar pelo tamanho do plano de estímulo fiscal sem precedente, tudo sugere que Bruxelas acolheu o apelo de solidariedade lançado por Roma.

De recordar que Itália foi o país europeu mais afetado pela crise mas mesmo antes da crise era também um dos países mais vulneráveis na Europa.

"Itália foi o único país que passou de contribuinte líquido, ou seja, que contribuía mais do que recebia, para se tornar num beneficiário líquido da União Europeia, lado a lado com a Grécia e a Espanha, entre outros países. Deste ponto de vista, a Itália já ganhou a batalha. Na miha opinião, a Itália deveria receber estes fundos pois necessita deles desesperadamente", afirma a professora de Economia Europeia, Veronica de Romanis, da Universidade LUISS, em Roma.

Antes da cimeira, os principais partidos italianos encontram-se divididos quanto aos montantes de auxílio financeiro que o país deveria receber da União Europeia.

Na oposição, o Movimento 5 Estrelas e o Partido Democrático defendem a utilização de todos os mecanismos financeiros oferecidos pela UE.

A principal preocupação é a mais recente proposta do presidente do conselho europeu, Charles Michel. Ele propõe que sejam os Estados-membros a ratificar a decisão da Comissão de oferecer auxílio financeiro a qualquer país através de um sistema de votação por maioria simples.

"A ideia de que a decisão é tomada pelo Conselho poderá criar problemas pois pode parecer "política", mesmo que o apoio venha de uma maioria qualificada de estados-membros. Vamos pedir ao governo que exija que seja a Comissão, tal como na proposta inicial, a avaliar a implementação de reformas nacionais a fim de aceder ao financiamento europeu para a próxima geração", defende Piero de Luca, deputado do Partido Democrático.

No entanto, o partido com mais reservas quanto à possibilidade de novas regras fiscais impostas por Bruxelas é o Movimento 5 Estrelas.

"A prioridade para Itália é obter clareza. Não queremos dizer sim ou não aos instrumentos financeiros. Em primeiro lugar, queremos um enquadramento claro, depois vamos buscar o que Itália necessita. O que receio, e toda a gente receia, é que como consequência da crise, vamos criar mais tensões sociais. Nessas condições não podemos pensar num plano de austeridade tal como aconteceu em 2008", adianta Manlio di Stefano, subsecretário para Assuntos Externos do Movimento 5 Estrelas.

A correspondente da euronews em Roma, Giorgia Orlandi, conclui:

"A Alemanha assumiu a presidência do Conselho Europeu este mês e apesar da urgência nas medidas, a Chanceler Angela Merkel afirmou que vai levar tempo até se chegar a um acordo quanto ao Fundo de Recuperação. Tal como referido pela Chanceler, persistem diferenças.
De facto, nem todos os estados-membros foram atingidos com a mesma gravidade".

Nome do jornalista • Giorgia Orlandi

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