Exército mobiliza ajuda para extinguir o fogo. Situação de alerta mantém-se em Portugal. Presidente da República relaciona falta de limpeza das matas à pandemia
Depois de duas noites a lavrar, o incêndio de Oleiros, onde no sábado morreu um bombeiro em serviço, foi dado como controlado às primeiras horas da manhã desta segunda-feira.
Ainda assim, como previsto, têm-se registado reacendimentos devido ao aumento do calor e do vento na região.
A secretária de Estado da Administração Interna , Patrícia Gaspar, falou de uma noite de "trabalho imenso e sem fim" e felicitou "todos os que, em Oleiros, nao descansaram para garantir" o controlo do fogo.
"Que o dia permita consolidar tudo o que foi feito até aqui", desejou secretária de Estado.
Com o objetivo de ajudar os operacionais a abrir caminhos para finalizar a operação de extinguir este incêndio, o Exército respondeu ao pedido da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) e enviou hoje duas máquinas de rasto para Oleiros.
De acordo com o Estado-Maior General das Forças Armadas (EMGFA), cada camião e respetiva máquina têm "uma tripulação de quatro militares cada", os quais se juntam ao total de 279 elementos da Marinha e do Exército que já estão no território continental para vigiar as zonas florestais e prevenir o risco de fogo.
As Forças Armadas portuguesas mobilizaram este ano 108 militares para a prevenção de incêndios florestais em Portugal, integrando elementos da Marinha e do Exército, distribuídos por 36 patrulhas, ativas até 30 de setembro, na vigilância de florestas e na sensibilização da população, ao abrigo do Protocolo FAUNOS, celebrado em 2017 entre as forças armadas e o o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).
A falta de limpeza das matas é outro dos crónicos problemas da habitual época de incêndios em Portugal. Este ano, no entanto, o Presidente da República admite ser um problema agravado pela pandemia.
De visita a um lar de idosos em Loulé, no Algarve, onde ocorreu um surto de covid-19 em abril, Marcelo Rebelo de Sousa elogiou a resposta das autoridades aos incêndios registados na presente temporada e lembrou as limitações impostas pelo novo coronavírus à limpeza dos terrenos.
O Presidente português lamentou a morte de dois bombeiros ocorrida no combate a incêndios das últimas semanas.
O primeiro, um homem de 30 anos, vítima de um ataque cardíaco, no dia 18, durante as operações de extinção de um fogo no concelho de Leiria.
O segundo, um jovem de 21 anos, membro da corporação de Proença-a-Nova, foi vítima de um acidente de viação, do qual resultaram ainda quatro feridos, dois com gravidade. A viatura dos bombeiros caiu numa ravina, onde acabou carbonizada pelo incêndio.
Marcelo Rebelo de Sousa manifestou o desejo de estar presente esta terça-feira no funeral de Diogo Dias, o bombeiro vítima deste incêndio deflagrado sábado na região de Oleiros e que já terá consumido cerca de 6 mil hectares.
E esta terça feira conta estar presente no funeral do bombeiro de vinte e um anos, que morreu sábado quando combatia o fogo de Oleiros, já dominado, mas ainda uma ameaça e a merecer uma enorme mobilização de meios.
De acordo com a ANEPCV, há 856 homens, 268 meios terrestres e 4 meios aéreos empenhados neste incêndio de Oleiros.
A situação de alerta para incêndios rurais mantém-se ativa em Portugal até terça-feira à meia noite.