Investigação europeia sob ameaça

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Direitos de autor Sylvain THOMAS/EU
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De  Joao Duarte Ferreira
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Os cortes orçamentais exigidos pelo plano de relançamento da economia europeia podem comprometer a investigação científica e inovação tecnológica

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A investigação científica europeia é uma das principais vítimas do plano de relançamento do União Europeia.

O orçamento previsto de 81 mil milhões de euros do programa Horizon Europe ficou aquém da proposta avançada pela Comissão Europeia que previa mais 13 mil milhões de euros.

Muitos investigadores enfrentam agora a incerteza como nos diz Conny Aerts, professora de Astrofísica da Universidade Católica de Lovaina, na Bélgica.

"Ao olhar para trás, isto cobre mais de uma década de financiamentos que obtive através da Europa. Se não fosse isso, não conseguiria efetuar este trabalho", afirma.

Os cortes colocam em risco o futuro da equipa desta cientista. São cerca de duas dezenas de especialistas, cerca de metade é paga pelo Conselho Europeu de Investigação. O problema é que isto afeta outras disciplinas para além da astrofísica.

"Eu investigo os terramotos nas estrelas, é a única forma de compreender o funcionamento destes corpos celestes e para tal é necessário construir modelos matemáticos, com códigos de inteligência artificial, para além da química e física nuclear, trata-se de um tópico científico transdisciplinar", adianta esta académica.

Na prática, os cortes orçamentais traduzem-se numa diminuição das invenções, patentes e propriedade intelectual e, por conseguinte, de novas empresas.

Esta questão consta da lista de prioridades estabelecida pela presidente da Comissão Europeia que quer limitar os danos.

"Os dois principais objetivos do seu mandato, da sua Comissão: as mudanças climáticas e a digitalização, o sucesso de ambos assenta nos enormes progressos realizados na investigação e inovação em ambas as áreas, na renovação energética e no mundo digital. Vamos necessitar de enormes investimentos em investigação a fim de criar produtos e processos, bem como as empresas que nos vão ajudar a alcançar a neutralidade carbónica", defende o Prof Kurt Deketelaere, secretário-geral da Liga Europeia de Universidades de Investigação.

O setor exige aos dirigentes que avaliem as consequências dos cortes para as universidades.

Na Flandres, o prejuízo para o setor universitário poderá ascender aos 130 milhões de euros.

Os académicos afirmam que se trata de uma decisão de vistas curtas.

"Por vezes, perguntam-me que produto estou a oferecer... O que faço assenta na curiosidade científica e a minha resposta é: ofereço alunos curiosos. Porque isso é um fator crítico. Serão eles os inovadores das próximas décadas. Se nos cortam agora os orçamentos estão também a limitar as mentes destes jovens" defende Conny Aerts.

Nome do jornalista • Gregoire Lory

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