Castro Marim volta a apostar na produção de sal

Salinas de Castro Marim, Algarve, Portugal
Salinas de Castro Marim, Algarve, Portugal Direitos de autor LUSA
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De  Nara Madeira com Lusa
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Crescimento dos mercados biológico e gourmet ajudam a reavivar a cultura do sal em Portugal. Levamo-lo numa viagem às salinas de Castro Marim.

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O sal português foi e continua a ser reputado, pelo mundo, mas a falta de rentabilidade levou ao abandono das salinas, por todo o país.

Mais de 20 anos volvidos o paradigma muda e com o nascimento de novas tendências e a aposta, cada vez maior, nos mercados biológico e gourmet, surgem novas oportunidades. Em Castro Marim, vila algarvia, o sal volta a ser rei.

Luís Horta Correia, empresário, recuperou uma atividade que passou de geração em geração na sua família, O avô era dono de uma das salinas de Castro Marim.

"Castro Marim é sal, sempre foi", adianta este empreendedor nascido numavila que foi fundada pelos Fenícios, "provavelmente, na altura, para fazer sal", como o próprio explica_. "Os romanos fizeram aqui muito sal", diz._ Já o foral atribuído à vila, em 1243, depois da criação do reino de Portugal, estabelecia que a principal atividade era o sal.

Até aos anos setenta/oitenta do século 20 esta foi a principal atividade em Castro Marim. Mas, quando as pescas e a indústria conserveira e também as de carnes, começaram a falir "a indústria de sal foi abaixo. Desde os anos 80 até 2000, praticamente não se fez aqui sal, nem nas outras salinas de Portugal", esclarece Luís Horta Correia, acrescentando que atualmente, a produção portuguesa de sal é algarvia. "Portugal sempre foi um enorme produtor de sal", adianta. Antes da revolução industrial o norte da Europa não tinha sal, o mediterrâneo tinha grandes dificuldades em fazer sal porque não tinha marinhas, era a costa atlântica, Portugal, Espanha, França. que abasteciam os outros países.

Hoje, as preocupações são outras e o facto desta atividade, exercida numa reserva natural, não ser poluente, numa altura em que as alterações climáticas estão no centro do debate, é uma mais-valia. Luís Horta Correia explica que ela contribui muito para o equilíbrio ambiental. "Nós não poluímos, não temos esgotos, não gastamos energia, nem água potável, temos uma pegada ecológica de, praticamente, zero. E contribuímos muito para que as aves, toda a atividade aquática floresça", refere.

A atividade também tem vindo a florescer mas não sem desafios. A pandemia de Covid-19 reduziu o número de encomendas, principalmente a nível nacional, mas parar não era opção:

"Nós não nos podemos dar ao luxo de sofrer com a pandemia. Nós começamos a trabalhar em abril, a produção começa em maio e nós, em fins de março, início de abril, começamos a limpar as salinas, a prepará-las para a época", explica o empresário e foi precisamente quando começou a pandemia_. "Houve pessoas que hesitaram mas se nós parássemos uma época, e como não temos stock, nós vendemos tudo, todo um ano sem vendas, sem pagamentos, sem nada, era provavelmente o afundar da atividade"_, desabafa.

Atualmente, a empresa vive da exportação mas sem pretensões de reconhecimento. Marca própria não é prioridade a única exigência é que nas embalagens se leia "Sal de Castro Marim".

Editor de vídeo • Nara Madeira

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