A longa metragem da realizadora Jasmila Zbanic sobre o massacre de Srebrenica teve a primeira exibição na Bósnia, onde as feridas do passado recente ainda estão por sarar
Numa espécie de regresso a casa, "Quo Vadis Aida?" foi exibido pela primeira vez na Bósnia. A longa-metragem da realizadora Jasmila Zbanic conta a história de Aida, uma tradutora da ONU, que, em 1995, tenta salvar a família, depois de o exército da República Sérvia tomar posse de Srebrenica e dar início à limpeza étnica da população bósnia.
Não muito longe do cemitério onde os corpos foram enterrados, o centro memorial acolheu a exibição do filme.
Entre o público esteve Almasa Sekovic, uma criança por altura do massacre, que testemunhou o irmão adolescente ser levado para o executarem.
"Foi impossível não pensar no meu irmão, que faz parte da lista de vítimas do massacre, na sala memorial atrás de nós. Ele, a minha irmã, o meu outro irmão e a minha mãe e tudo aquilo por que passámos aqui. Trouxe de volta os cheiros, os sons e as imagens. Trouxe de volta as memórias de tudo aquilo por que passei em 1995", conta Almasa.
O regresso às emoções do passado que ficaram para sempre com quem as viveu é um caminho que a realizadora espera ser útil.
"Depois de tantos anos, fizemos um filme que as pessoas podem finalmente ver como foi e passar por estas emoções. E espero que estar aqui seja uma espécie de encerramento ou um pouco de catarse para que as pessoas o virem passados tantos anos", afirma Jasmila Zbanic.
Há 25 anos Srebrenica era tomada por tropas sérvias da Bósnia. A cidade, no leste do país foi então palco do maior massacre na Europa desde a II Guerra Mundial, com o assassinato de mais de oito mil muçulmanos, entre os quais crianças,