O cessar-fogo em Nagorno-Karabakh "é a geopolítica em movimento"

Uma rosa nos escombros de uma casa no palco de guerra de Nagorno-Karabakh
Uma rosa nos escombros de uma casa no palco de guerra de Nagorno-Karabakh Direitos de autor Sergei Grits/Copyright 2020 The Associated Press. All rights reserved.
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"Houve uma grande mudança no mundo geopolítico e não parece que muita gente no Ocidente tenha prestado atenção", explica o analista de origem arménia, Georgi Derluguian. Professor da Universidade de Nova Iorque Abu Dhabi.

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Ao final de seis semanas de constante violência, o som das armas calou-se em Nagorno-Karabakh. Mas para muitos, a ansiedade e a dor ainda são grandes. "A última vez que o meu filho me ligou despediu-se de mim. Foi a 17 de outubro, ele ligou para dizer que estava a ir para a linha de frente", diz Varduhi Avetyan, mãe de um soldado desaparecido.

Varduhi ainda espera por notícias do filho que foi mobilizado para as zonas mais difíceis da guerra há um mês. Diz ter escrito cartas às autoridades arménias - incluindo o primeiro-ministro - mas não recebeu qualquer resposta.

"Não sei o que dizer às duas filhas dele, que passam o tempo a perguntar onde está o pai. Ele não vai voltar? Não sei o que responder", diz em lágrimas.

Enquanto para muitos ainda é difícil perceber a envergadura das perdas, o fim das hostilidades permitiu a que alguns contassem os ganhos.

Segundo o acordo de cessar-fogo, o Azerbaijão reconquista o controlo de uma considerável porção de território - e que à luz da lei internacional já lhe pertencia. A Arménia garante a conservação de um pedaço de Nagorno-Karabakh. Mas houve mais no acordo.

"Uma das questões mais controversas do acordo de cessar-fogo, mediado pela Rússia, foi a construção de uma estrada que liga o Azerbaijão ao enclave azeri de Nakchijevan e que abre uma via de comunicação importante para o território interior e, talvez mais importante, origina uma mudança significativa no equilíbrio de poder na região ", explica Anelise Borges, enviada especial da Euronews, no sul da Arménia.

"O resto foi mais fogo-de-vista. Esta guerra explorou um conflito que poderia muito bem ter sido resolvido de uma forma diferente. Mas foi explorada para a demonstração de força, para a propaganda do poderio militar e tecnológico e foi também sobre a estrada. O que falta saber é que país vai dominar o Cáucaso do sol. Para já parece que a Turquia vai tentar a sua chance. Os deverão tentar empurrá-los de lá para fora", diz o analista de origem arménia, Georgi Derluguian, professor na Universidade de Nova Iorque Abu Dabhi.

Rússia e Turquia estão envolvidas num esforço da comunidade internacional para uma solução política sustentada de um diferendo que pode redefinir a região e também o mundo, segundo o analista.

Assistimos a uma grande mudança no mundo geopolítico. E não parece que muita gente no Ocidente prestou muita atenção. Mas isto é um momento crucial, a geopolítica está em movimento e não se tem movimentado desde a Segunda Guerra Mundial.

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