Bruxelas coloca em causa o apoio político e financeiro caso o país asiático caminhe rumo a um regime Islâmico
A história recente do Afeganistão tem sido marcada pela guerra e o país vê-se obrigado a apelar à boa vontade da comunidade internacional para sobreviver. A cada quatro anos realiza uma conferência para apelar a investidores e se em 2016 conseguiu a promessa de mais de 12 mil milhões de euros para reconstruir o país, este ano a situação complicou-se com a pandemia.
A União Europeia também avisou que a boa vontade não é eterna. Josep Borrell, chefe da Diplomacia da UE e que participou por videoconferência, foi a voz que lançou o alerta:
"Queremos ajudar a construir um Afeganistão soberano, unido e democrático, que caminhe rumo à prosperidade e autossuficiência. O caminho a percorrer deve preservar a democracia e os direitos humanos adquiridos desde 2001, nomeadamente os direitos das mulheres e das crianças. Qualquer tentativa para instaurar um regime Islâmico teria impacto no nosso compromisso político e financeiro."
O recado de Bruxelas surge numa altura em que os talibã procuram regressar ao poder, de onde saíram em 2001, no rescaldo dos ataques de onze de setembro e na sequência de uma ofensiva internacional liderada pelos Estados Unidos. O ressurgir da violência dos talibã, a que se juntam os ataques do Estado Islâmico, levou trezentas mil pessoas a fugir só este ano no Afeganistão. Existem cerca de três milhões de deslocados no país.