Cerca de 27 mil pessoas fugiram da região do Tigré, onde está em curso uma pesada ofensiva militar contra os separatistas
Uma enorme crise humanitária está a agravar-se na fronteira da Etiópia com o Sudão, avisa o Alto comissário das Nações Unidas para os Refugiados, numa altura em que está a decorrer uma forte ofensiva militar na região contestada do Tigré.
Filippo Grandi visitou esta sexta-feira o campo de refugiados de Hamdayet, um dos destinos fronteiriços já no Sudão das mais de 27 mil pessoas em fuga dos violentos combates no norte da Etiópia.
É a maior vaga de refugiados das últimas duas décadas nesta região africana, salienta Filippo Grandi. Uma média de quatro mil pessoas têm cruzado diariamente a fronteira da Etiópia para o Sudão desde 10 de novembro.
As chegadas "têm submergido completamente a capacidade de resposta das agências humanitárias no terreno", destaca a ONU.
"A maioria dos refugiados querem voltar para casa, mas apenas se os combates terminarem e puderem voltar em segurança", afirmou Grandi, pelas redes sociais, acrescentando o reforço de medidas para lhes assegurar as necessidades básicas.
As últimas notícias oriundas do conflito dão conta do avanço das tropas etíopes na região do Tigré.
A capital da região, Mekele, controlada pelos rebeldes da Frente de Libertação do Povo do Tigré, está a ser fortemente bombardeada pelo exército. Será a denominada “última fase” da ofensiva militar iniciada a 4 de novembro e anunciada quinta-feira pelo primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed.
Os separatistas apelam à comunidade internacional, avança a agência France Press, para condenar a ofensiva com artilharia pesada e o alegado massacre de civis cometido pelo governo etíope com apoio da Eritreia.