Passa para onze o número de funcionários de agências da ONU que foram detidos pelos rebeldes Houthi do Iémen em circunstâncias pouco claras.
A notícia foi avançada na sexta-feira pelas autoridades locais e confirmada pelo porta-voz da ONU em Nova Iorque, Stéphane Dujarric.
"Estamos muito preocupados com estes acontecimentos e estamos a procurar ativamente obter esclarecimentos junto das autoridades Houthi sobre as circunstâncias destas detenções e, mais importante ainda, para garantir o acesso imediato aos funcionários da ONU", disse Dujarric aos jornalistas. "Posso, portanto, dizer-vos que estamos a seguir todos os canais disponíveis para garantir a libertação segura e incondicional de toda a equipa de trabalho, o mais rapidamente possível."
Os Houthis, que se apoderaram da capital do Iémen há quase uma década e lutam contra uma coligação liderada pela Arábia Saudita, têm como alvo a navegação ao longo do corredor do Mar Vermelho devido à guerra entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza.
Quem são os funcionários detidos pelos Houthis
Depois da divulgação que os rebeldes houthis tinham detido 9 funcionários de agências das Nações Unidas a operar no país, a ONU confirma que são 11: nove homens e duas mulheres. Seis trabalham para a agência de direitos humanos da ONU, enquanto os outros trabalham para o Gabinete do Enviado Especial, a UNICEF, o Programa Alimentar Mundial e a UNESCO.
A organização de defesa dos direitos humanos Mayyun, que também denunciou a detenção de pessoal da ONU, nomeou outros grupos de ajuda cujos funcionários foram detidos pelos Houthis nas quatro províncias de Amran, Hodeida, Saada e Saana.
"Condenamos veementemente esta perigosa escalada, que constitui uma violação dos privilégios e imunidades concedidos aos funcionários das Nações Unidas ao abrigo do direito internacional, e consideramos que se trata de uma prática opressiva, totalitária e chantagista para obter vantagens políticas e económicas", afirmou a organização em comunicado.
A Save the Children disse à AP que está "preocupada com o destino de uma das funcionárias no Iémen e está a fazer tudo o que é possível para garantir a sua segurança e bem-estar". O grupo não quis entrar em mais detalhes sobre a identidade das pessoas visadas.
A CARE International também declarou que um dos membros da sua equipa foi detido sem que lhe fosse dada uma razão. "Estamos preocupados com a segurança do nosso colega e estamos a trabalhar para obter mais informações nas próximas horas e dias", disse Sulafah al-Shami, porta-voz da CARE. "Até lá, estendemos o nosso apoio à família e partilhamos a sua esperança na sua rápida libertação."
Carta Aberta apela à libertação dos detidos
Acredita-se que outros grupos humanitários também tenham pessoal raptado, embora não o tenham reconhecido publicamente. Ativistas, advogados e outros profissionais publicaram uma carta aberta online, apelando aos Houthis para libertarem imediatamente os detidos, porque se não o fizerem, estão a "contribuir para isolar o país do resto do mundo".
A Human Rights Watch, citando familiares das pessoas detidas, disse que "as autoridades Houthi não revelaram a sua localização nem lhes permitiram comunicar com os seus empregadores ou famílias".
"Os Houthis devem libertar imediatamente todos os funcionários da ONU e trabalhadores de outros grupos independentes que detiveram devido ao seu trabalho humanitário e de direitos humanos, e parar de deter arbitrariamente e de fazer desaparecer pessoas à força", disse o investigador da Human Rights Watch Niku Jafarnia.